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Madeira mais pobre, uma marca que não convence e a cultura sem apoios

Estudo sobre a Pobreza, em Portugal

A pobreza em Portugal é estrutural, mas é também cultural.

A Madeira passou a ter, em 2020, a maior taxa de risco de pobreza ou exclusão social, com aumento de 0,7p.p. face a 2019, fixando-se em 32,9%. Os territórios insulares são mais propensos a esta situação, é certo, mas estes dados devem levar-nos a pensar o que poderia ter sido feito e o que falta fazer para mudar este estado de coisas. Cá e em todo o país, pois há caraterísticas comuns a todos os portugueses e que importa reconhecer para intervir.

Desde logo, a relação destes com a escola. Segundo um estudo revelado pela Fundação Francisco Manuel dos Santos, a 12 deste mês, a relação pouco positiva com a escola determina o abandono e daí a pouca formação, que poderia dar acesso a emprego melhor remunerado. Outra conclusão que ressalta do estudo é que de entre os pobres, em Portugal, 32,9% são trabalhadores com emprego estável, cujos agregados incluem crianças e são maioritariamente casados. Outro grupo que sobressai são os reformados, em que 98,6% têm escolaridade básica. Aqui se vê a importância da Escola e a necessidade de se melhorar a relação desta com os portugueses, proporcionando condições para uma melhor qualificação ao longo da vida. “A pobreza não é ausência de rendimentos, mas a ausência de oportunidades”, Isabel Guerra (ISCTE).

Outro relatório da União Europeia sobre o estado da habitação dá conta do pouco investimento em habitação social, num país cujo valor das casas não é compatível com os rendimentos médios. Urge alterar este estado de coisas e foi graças ao Partido Socialista na Europa que a habitação se tornou um assunto central nas políticas sociais da União Europeia.

Nova marca Madeira

Sou leiga na matéria de criação de logotipos e reconheço que os gostos são pessoais. Porém, um assunto com a dimensão de uma nova marca, que nos representa a todos, deveria ter tido outra abordagem; no mínimo, se a Madeira também é minha, eu, assim como todos os habitantes no arquipélago, deveria ter tido voto na matéria antes de apresentado o logótipo.

Quando se faz um ajuste direto, exclui-se a participação de profissionais madeirenses na concessão da marca. Quando não se divulga e coloca à discussão pública as possibilidades, não se promove a adesão das pessoas à marca.

Independentemente da opinião que se tenha, todo o processo decorreu de forma pouco participada e com custos pouco razoáveis.

Vigília dos profissionais da cultura

No dia 11 de abril, os profissionais da Cultura, sentindo-se destratados pelo Governo Regional, pela falta de apoios concretos, fizeram uma vigília em frente à Sé Catedral para manifestar a sua indignação pelo tratamento desigual entre as medidas impostas aos espaços de manifestação cultural e os de manifestação religiosa. Uma discrepância de critérios que só revela a atitude discriminatória e incompreensível. Enquanto nos primeiros só cabem 5, nos segundos cabe 50% da capacidade. Há profissionais que vivem da receita de bilheteira e esta suspensão da atividade coloca em causa a sua sobrevivência.

É louvável esta manifestação de cidadãos que constitui um ato de cidadania ativa pouco comum na Madeira, que deve ser relevado. Espero que tenham eco nos decisores.