O líder parlamentar do PS salientou a necessidade de o Governo Regional encarar a transição ecológica e o combate às alterações climáticas como uma prioridade estratégica efetiva, porquanto disso depende também o nosso futuro e o das gerações vindouras.
“Infelizmente, a componente regional do Plano de Recuperação e Resiliência deverá ser outra oportunidade perdida, porque apesar dos investimentos previstos cumprirem e até ultrapassarem as orientações europeias que conferem prioridade às transições climática e digital, não se perspetivam mudanças de estratégia”, afirmou Rui Caetano, na abertura das Jornadas Parlamentares do PS, que decorrem em Machico. “O dinheiro reverterá primeiro para uma administração pública desatualizada, desmotivada, desorientada, mas sempre com o objetivo primordial de beneficiar, depois, os mesmos de sempre que nunca terão o ambiente ou a Madeira no topo das suas preocupações”, acusou.
O deputado lembrou que em 2015 a Madeira publicou a sua Estratégia de Adaptação às Alterações Climáticas, mas deu conta que, passados seis anos, não existe a partilha dos dados da monitorização e continuam escondidos os dados relativos aos indicadores de evolução da Estratégia, sendo, no entanto, sabido que alguns cenários projetados foram rapidamente ultrapassados. Lamentou também que não esteja prevista a revisão do plano e disse que, mesmo com os dinheiros disponíveis e investidos, “muitos dos alertas deixados no documento de orientação estratégica ‘Madeira 2030’ continuam por concretizar”.
“Os prémios de sustentabilidade não nos garantirão sustento se continuarmos a ignorar os impactos e oportunidades de um setor primário resiliente. O melhor desempenho ambiental do país não contraria o facto de não conseguirmos atingir as metas nas renováveis ficando a meio caminho dos 50% definidos para 2020. O galardão de Património da Humanidade atribuído à maior mancha de Laurissilva do mundo não impede que as nossas florestas estejam a emitir mais carbono do que a sequestrar, ao contrário do que seria de esperar”, alertou.
Rui Caetano apontou a urgência de apostar no combate às alterações climáticas, para salvaguardar o nosso futuro, a sustentabilidade do nosso desenvolvimento e do nosso território. “Devemo-lo a nós e às gerações vindouras. Devemo-lo aos nossos jovens que têm, neste particular, sido exemplares pelo seu ativismo, pela sua lucidez a dar um exemplo ao mundo e a pressionar-nos com a sua voz, de que não há tempo a perder, que não há futuro se não agirmos”, referiu.