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“Um presidente que mente aos madeirenses continua a ter condições para ser presidente do Governo?”, pergunta o PS

O presidente do PS-Madeira criticou, hoje, a forma evasiva e as contradições verificadas nas respostas de Miguel Albuquerque às questões que lhe foram colocadas no âmbito da comissão de inquérito às obras inventadas e favorecimentos a grupos económicos, questionando mesmo se quem “mente aos madeirenses continua a ter condições para ser presidente do Governo Regional”.

Em conferência de imprensa, Sérgio Gonçalves referiu que o presidente do Governo se revelou “evasivo e confuso” nas respostas, sendo que em 30% das cerca de 150 perguntas respondeu “não”, “sim”, ou “não tenho conhecimento”, e em muitas outras não deu qualquer justificação.

O líder socialista refere que Albuquerque “faz uma grande confusão relativamente a tudo o que se relaciona com a AFAVIAS, a OPM e Pedro Calado”, desde logo ao dizer que desconhecia as empresas em que Pedro Calado trabalhou à data dos factos – sendo que este foi seu sócio numa empresa, seu vice-presidente da Câmara Municipal do Funchal e, posteriormente, vice-presidente do Governo Regional – e ao afirmar desconhecer que a AFAVIAS intentou ações contra o Governo.

Nas respostas relacionadas com a OPM, os socialistas reparam o facto de Albuquerque dizer que nunca esteve envolvido e nunca acompanhou negociações, alegando que estas foram desenvolvidas pela Vice-Presidência. “Ora, isto nunca poderia ser verdade, dado que o acordo de tribunal é datado de março de 2017 e a Vice-Presidência e a entrada do doutor Pedro Calado para o Governo apenas ocorreu em outubro desse ano. Portanto, há aqui uma grande confusão por parte do senhor presidente do Governo nas respostas e, em momento algum, é respondido aquilo que é fundamental aos madeirenses, que é por que motivo é que Miguel Albuquerque alterou a estratégia que tinha definido no programa eleitoral, que depois plasmou no programa de Governo, e assume decisões contrárias àquilo que tinha prometido, mentindo aos madeirenses”, declarou Sérgio Gonçalves.

O líder socialista referiu-se igualmente às respostas do presidente do Governo sobre temas mais recentes, dando conta que, “quando questionado sobre o teleférico ou o túnel que vai atravessar o Funchal e se estes seriam investimentos prioritários para os madeirenses, Miguel Albuquerque não justifica, diz apenas que são importantes”. Já sobre o prolongamento da Pontinha, diz apenas que considera ser essencial para a proteção da cidade e para a manutenção da competitividade do porto, sem dar quaisquer justificações e sem fazer referência à existência de quaisquer estudos, “o que é revelador de uma intenção de manter o modelo de obras públicas, de alimentar o setor da construção e de continuar com a inversão de políticas que praticou desde 2017, algo que está na base das acusações feitas por Sérgio Marques”.

Sérgio Gonçalves aproveitou para vincar que todas as acusações a grupos económicos e à atuação do presidente do Governo foram feitas por um elemento do PSD, ex-deputado e ex-secretário regional que, inclusivamente, “envolve também dois grupos empresariais, um liderado por um empresário que assumiu ser militante do partido no passado e outro que assumiu na audição que votou no PSD”. “Há aqui um denominador comum, que é o PSD, quer nas acusações, quer nos visados”, acrescentou.

Perante tudo o que é conhecido e aquilo que tem sido dito ao longo desta comissão de inquérito, Sérgio Gonçalves deixou uma questão: “Um presidente do Governo que não tem conhecimento de nada, que não reúne com ninguém – como tantas vezes responde ao longo desta inquirição –, mas que toma decisões sobre tudo e mente aos madeirenses, continua  a ter condições para ser presidente do Governo Regional?”.