João Pedro Vieira lança fortes acusações ao PSD que, considera, está focado num ataque constante a Lisboa recorrendo aos mais variados argumentos desde a tentativa de manipulação das eleições à criação de obstáculos à atuação do Governo Regional de modo a favorecer a candidatura de Paulo Cafôfo.
“O Partido Social Democrata tem utilizado, na Madeira, um discurso que não é compatível com os factos. Com a entrada do vice-presidente, Pedro Calado, o PSD adotou a estratégia do inimigo externo, neste caso o Governo da República que teria, na Região, a conivência do Partido Socialista. Tem sido a retórica utilizada pelo PSD”.
Manter-se de costas voltadas para a República, e tentar governar dessa forma, é uma postura com a qual o secretário-geral socialista e o próprio partido não concordam.
Para João Pedro Vieira, é fundamental que a Madeira encare o Governo da República como um parceiro de governação. “Mas isso faz-se com seriedade, não se faz com gritos, não se faz contra os outros, mas cooperando com os outros.”, defende.
A postura do atual Governo Regional é, para o socialista, motivo pelo qual existem ainda muitas problemáticas que não estão resolvidas de que são exemplo o modelo de financiamento do novo Hospital.
“A Região não tem o novo hospital, mas não é por culpa do Governo da República, é por culpa do Governo Regional, de Miguel Albuquerque e Pedro Calado, que não foram capazes de resolver o problema.”
O ferry é outro dos exemplos de uma governação incapaz, com o Governo Regional a não apresentar em momento algum qualquer estudo revelador de indicadores sobre a operação e o subsídio de mobilidade que continua à espera de uma solução.
“O Partido Socialista é apontado, pelo PSD Madeira, como o inimigo da Autonomia. E depois, vamos ver, e foi António Guterres quem perdoou a dívida da Madeira, foi José Sócrates quem apoiou a Região com a Lei de Meios e foi António Costa quem apoiou o hospital.”
Sobre o projeto socialista às eleições regionais deste ano, João Pedro Vieira contradiz que acredita que este assenta exclusivamente na figura de Paulo Cafôfo. Existe já toda uma equipa a trabalhar num modelo direcionado para mudar a Madeira governada pelos sociais democratas há 40 anos.
O médico de formação acredita que esta mudança teve início em 2017, nas Autárquicas, com as vitórias no Funchal, Porto Moniz, Machico e Ponta do Sol.
“Percecionamos que havia como uma convergência de vontades no sentido de empurrar Paulo Cafôfo para a frente, sentíamos esse apelo e foi criada uma janela de oportunidade para que o PS apresentasse um projeto interno, alternativo, que era precisamente ter um presidente do partido, o Emanuel Câmara, que tinha uma estratégia perfeitamente definida, que era apresentar Paulo Cafôfo como candidato a presidente do Governo.”
E os Estado Gerais foram precisamente uma das primeiras pedras na construção desse percurso que se ambiciona conjunto. Sobre a iniciativa, que considera ser mobilizadora, diz que a participação das pessoas se deve ao facto de estarem “disponíveis para debater problemas, que são os mesmos há largos anos, e para os quais não tem havido solução”.
Garante que o PS está disponível para “ouvir toda a gente, independentemente de serem da Região, do Continente ou do estrangeiro” com o objetivo comum de encontrar soluções conjuntas. É este o caminho que o partido quer seguir nas eleições regionais.
Relativamente ao ato eleitoral acredita que os madeirenses querem Paulo Cafôfo como presidente. Para esta conclusão contribuem não só as sondagens, mas principalmente o que ouve no seu dia-a-dia.
Reconhece, no entanto, que “um candidato não chega, é preciso mais. E é por isso estamos a trabalhar para um programa a apresentar à Região, em conjunto com a sociedade civil, discutindo áreas temáticas, como tem vindo a acontecer nos estados gerais. Temos candidato, teremos programa e teremos uma equipa, esperemos que seja aquela que a partir do dia 23 de setembro formará o futuro Governo Regional.”
João Pedro Vieira conclui reforçando que, apesar de este ser um projeto “hoje já extravasou as portas do PS”, não se pode perder a identidade do partido. Apesar desta advertência, mostra-se confiante no resultado que o partido conquistará em setembro.
“Os madeirenses pedem uma mudança, de intervenientes e de políticas. (…) Acreditamos que o PS encabeça essa oportunidade efetiva de mudança na Região e as pessoas compreenderam o projeto”.