“Nós reivindicamos muitas vezes a importância de se ouvirem os profissionais”. Foi assim que Nuno Neves abriu a sessão da tarde da I Convenção dos Estados Gerais do PS Madeira. O Presidente do Conselho Diretivo da Secção Regional da RAM da Ordem dos Enfermeiros defendeu que “o diagnóstico está feito”, mas “as alterações demográficas evidenciam novos elementos que até aqui não existiam”. Desta forma, considerou que “o processo de Saúde deve ser visto como uma cadeia de valor focada nos resultados”, não deixando de referir os “tempos máximos de resposta ultrapassados que evidenciam a fraca sustentabilidade do sistema”, e que a Saúde deve apostar mais na prevenção: “São vários os exemplos que já foram implementados no nosso país, mas tardam em chegar à Região”.
Concluiu, defendendo que “a resposta não depende de mais profissionais, temos mesmo de mudar o paradigma”, lamentando que a literacia em saúde da população continue baixa, sendo “necessário envolver mais as pessoas no seu processo de saúde, e na sua sobreposição entre vida e saúde”.
Henrique Capelas partilhou da mesma análise. “Desde 2007, o investimento no SNS subiu mais de 5 mil milhões, e passámos de 115 mil recursos humanos para 150 mil, mas isso não se refletiu na qualidade do serviço”. Defendeu que “a solução não é gastar mais, é gastar melhor”, acusando que a ineficácia do sistema é resultante de problemas da gestão e que existe um “financiamento à doença, quando é necessário financiar a prevenção”, relevando que “o mais importante são os cuidados de saúde primária”.
Aproveitou ainda o momento para deixar um elogio rasgado ao novo Ministro da Saúde Manuel Pizarro, pessoa com quem já trabalhou e que diz ser de “competência inabalável”, afirmando que “o país ficou bem servido com o novo ministro”.
Para Luís Furtado, “pensar um sistema regional de saúde obriga a que reconheçamos as especificidades da insularidade e da descontinuidade territorial”. O enfermeiro e professor adjunto na Universidade dos Açores exemplificou, com o serviço regional açoriano, o esforço adicional que é imprescindível para garantir a autonomia e combater a despovoação, defendendo que “é necessário e desejável prestar bons cuidados de saúde em todo o território, porque de outra forma, nas zonas com menos serviços, quem lá nasce irá procurar um contexto com uma resposta de saúde mais capaz”.
As listas de espera mereceram reparos por parte do convidado, afirmando que estas não devem ser politizadas, mas no entanto “querem-se resolvidas através de processos transparentes”.