O PS-Madeira volta a questionar a demora da secretária regional da Inclusão, Trabalho e Juventude em ir à Assembleia Legislativa prestar esclarecimentos sobre os cuidados prestados aos utentes do Lar da Bela Vista, explicações que se tornam ainda mais prementes quando há problemas que já haviam sido identificados neste estabelecimento e que, sabem os socialistas, se estendem agora ao Lar de Câmara de Lobos, também gerido pela Associação Living Care.
O Grupo Parlamentar do PS, pela voz da deputada Isabel Garcês, recorda que a audição a Ana Sousa já foi aprovada em setembro do ano passado, sem que, desde então, a governante se tenha disponibilizado a ir ao Parlamento dar as devidas explicações, nem a presidente da sétima Comissão de Inclusão Social e Juventude, Rubina Leal, desenvolva qualquer démarche nesse sentido. Isto na sequência das repetidas queixas de familiares que, publicamente, apontaram a falta de condições do estabelecimento, que passou para a gestão privada, ao abrigo de um contrato estabelecido entre o Governo Regional, através do Instituto de Segurança Social da Madeira e a Associação Living Care.
Além de criticar o desrespeito da governante pelo Parlamento, a socialista condena a desconsideração em relação às denúncias que têm vindo a ser feitas relativamente aos cuidados que são prestados a estas pessoas que, pela sua idade avançada e condição de saúde, se encontram numa situação de maior fragilidade. Tudo isto se torna mais grave pelo facto de, ao que o PS apurou, haver problemas que transitaram para o Lar de Câmara de Lobos, onde, desde setembro, foram também dados banhos a idosos com recurso a água aquecida em panelas. Acresce o facto de a Segurança Social, por via do novo acordo, estar a cortar no número de profissionais contratados que cede àquele estabelecimento, quer enfermeiros, quer assistentes operacionais.
“Tudo isto é muito grave e acentua a necessidade urgente de a secretária regional da Inclusão esclarecer cabalmente esta situação”, sublinha Isabel Garcês, constatando, contudo, que este é só mais um dos muitos exemplos em que os governantes, com a “guarida do PSD”, fogem ao escrutínio e não se dignam a comparecer perante o Parlamento. A parlamentar não deixa de observar o facto de Ana Sousa estar pronta para “fazer figura de corpo presente” em tantos eventos, mas “fugir a sete pés” quando se trata de responder aos deputados”.
“Estamos perante um PSD que tem dois pesos e duas medidas”, afirma a socialista, acusando os social-democratas de serem expeditos para umas coisas, mas “assobiarem para o lado” quando se trata de exigir que aqueles que têm responsabilidades governativas compareçam na Assembleia para prestar contas aos legítimos representantes dos madeirenses. No caso concreto dos lares, esta situação evidencia duas coisas: a fuga da secretária regional ao escrutínio, com a conivência do PSD, e a ineficiente fiscalização por parte do ainda Governo Regional a estas instituições.
Mas se, neste caso, a audição a Ana Sousa foi aprovada (ainda que a mesma não se digne a ir ao Parlamento), a deputada do PS constata que há muitas outras situações em que o PSD, nas habituais jogadas para defender os seus interesses, trava as audições aos governantes. Foi o que se passou, por exemplo, quando os deputados do PSD chumbaram a ida do secretário regional da Saúde, Pedro Ramos, à Comissão de Saúde e Proteção Civil para esclarecer os telefonemas que fez a militantes social-democratas, garantindo-lhes cunhas na saúde para votarem em Miguel Albuquerque nas eleições internas daquele partido.
“O PSD age conforme lhe convém. Seria bom que também fosse ágil e rápido quando se trata de convocar os governantes a darem esclarecimentos sobre as suas funções executivas e sobre decisões que têm impacto na vida de todos os madeirenses”, remata Isabel Garcês.