O líder parlamentar do Partido Socialista insistiu, hoje, na necessidade de ser desenvolvido um estudo científico rigoroso sobre todo o processo de implementação dos manuais digitais nas escolas da Região.
A poucas semanas do começo de mais um ano letivo, e três anos após o início da implementação dos tablets nas escolas, os socialistas vincam que é necessário saber que resultados é que esta medida tem tido ao nível da aprendizagem dos alunos.
Embora o PS concorde com o projeto, Rui Caetano considerou, em conferência de imprensa, que “não basta entregar um manual digital – um tablet – aos alunos para dizer que se está a transformar a escola”. “É preciso muito mais. É preciso investir muito mais nas pedagogias, nas metodologias de trabalho, é preciso apostar muito mais nas novas práticas de salas de aula, em novos ambientes de aprendizagem. Não basta referir que temos um manual digital para dizer que estamos a ter um novo modelo de ensino na Região Autónoma Madeira”, afirmou o responsável, acrescentando que, embora esta seja uma ferramenta importante e que seve ser implementada, “há uma obsessão pelos manuais digitais”.
Recordando que o projeto já tem três anos e que vai estender-se agora ao ensino secundário, com quatro turmas em diversas escolas, Rui Caetano deixou uma série de questões que devem ser esclarecidas. “Qual é a avaliação que tem sido feita do processo? Que aprendizagem é que os nossos alunos têm conseguido adquirir através dos manuais digitais mais do que faziam com os manuais em papel? Como é que o processo está a decorrer? O que é que está a correr de forma positiva e o que é preciso corrigir e tem sido corrigido ao longo de todo o processo?”, perguntou, constatando que aquilo que se ouve é “muita propaganda e que as coisas estão todas a correr muito bem e têm sido um sucesso”.
O dirigente socialista lembrou que há dois anos o Grupo Parlamentar do PS entregou um projeto na Assembleia Legislativa com vista a que fosse feito um estudo de acompanhamento do processo através de uma entidade externa, neste caso a Universidade da Madeira. A iniciativa foi aprovada por unanimidade, contudo, até hoje, não é conhecido qualquer resultado. “Aquilo que se pretendia era que a Secretaria Regional de Educação fizesse um protocolo com a Universidade da Madeira para que começasse a fazer um acompanhamento científico e rigoroso de todo o processo, através de inquéritos, de entrevistas e de estudos comparativos, para percebermos se, na verdade, a implementação dos tablets e dos manuais digitais estava ou não a atingir o objetivo pretendido, que era resolver as aprendizagens dos nossos alunos”, explicou.
Conforme referiu, os estudos que são conhecidos são feitos pelas entidades que vendem os manuais digitais à Secretaria Regional de Educação e às escolas ou pelas entidades que vendem os programas e aplicações necessários para o manual digital funcionar. “Não desvalorizamos esses estudos e percebemos que eles têm de ser feitos, mas aquilo que nós queremos é um estudo por uma entidade externa, que faça um acompanhamento rigoroso, científico, para que possamos avaliar o nível das aprendizagens”, frisou.
Rui Caetano deu ainda conta do facto de haver pais a comprarem os manuais em papel para que os filhos consigam estudar melhor em casa, o que revela que algo está a correr mal. “Se um [manual] é para substituir o outro, porque é que há tantos pais a fazer isto?”, questionou o presidente do Grupo Parlamentar do PS, alertando que se há pais que podem adquirir ambos os manuais, muitos há que não têm estas condições.