InícioAtualidadePS LEMBRA MÁRIO SOARES NA SESSÃO COMEMORATIVA DO 25 DE ABRIL

PS LEMBRA MÁRIO SOARES NA SESSÃO COMEMORATIVA DO 25 DE ABRIL

“A liberdade anunciada pela revolução tardava a cumprir-se. A censura e opressão eram agora dissimuladas, revestidas de uma aparente normalidade democrática. A legitimidade do poder pelo sufrágio, associada a uma abordagem populista e a certas técnicas e ferramentas de comunicação mantinham o povo sob um domínio paternalista pelo temor, que tudo providenciava, desde que alinhado politicamente.
A primeira situação de que tenho consciência do estado de coisas que acabo de descrever foi quando eu ainda muito jovem soube que a professora de primeiro ciclo que tinha participado com os seus alunos nas comemorações do 25 de Abril nos anos 80, juntamente com a comunidade envolvente e a junta de freguesia, foi suspensa das funções docentes por dois anos. O seu crime: celebrar a liberdade e ensinar o significado de Abril.
A liberdade é um dos mais preciosos dons que se atribui a um indivíduo. Saber ser livre em sociedade pressupõe aprendizagem, vivência e a prática ativa desse dom. Sem esse exercício regular, a pessoa não a exerce com autonomia. A liberdade aprende-se, praticando. O exercício da liberdade implica, de facto, autonomia mas também responsabilidade e respeito.
E se fizermos uma retrospetiva da nossa história autonómica constatamos que estes valores não andaram necessariamente lado a lado, antes foram muitas vezes subalternizados ou utilizados conforme as circunstâncias servindo para determinados objetivos eleitoralistas ou partidários. O exercício da liberdade individual é que era normalmente sacrificado, o que pôs em causa o tal pressuposto da importância do exercício da liberdade para se saber viver com ela.
Nós hoje temos o dever e a responsabilidade de passar às novas gerações um legado de valores universais inaugurados com a instituição do regime democrático em Portugal. Sem nunca esquecer que se hoje podemos afirmar e aprofundar a autonomia regional isso deve-se ao momento libertador de 74.
E para a manutenção e aprofundamento da nossa matriz autonómica consideramos que não se pode deixar de lado a educação e formação ao longo da vida, com a participação de todas as entidades e estruturas educativas, com destaque para o ensino superior regional.
Neste sentido, a Universidade da Madeira constitui um parceiro fundamental para a definição das competências de nível superior consonante com o que se preconiza para o desenvolvimento regional, permitindo-se a materialização do espírito do original Estatuto da Carreira Docente universitária onde se regista e cito “interessa que a nova Universidade seja concebida como instituição polivalente, voltada simultaneamente para o ensino, para a investigação fundamental e aplicada e para a prestação de serviços especializados e de inegável interesse social”, e que “a Universidade que se quer ver mais autónoma para justamente se tornar mais responsável, mais activa, mais dinâmica, mais arrojada e com maior intervenção institucional na vida portuguesa”.
E com certeza todos concordarão que a democratização do ensino foi a principal conquista que permitiu a conquista de um direito fundamental: a Educação, que permite o acesso aos restantes direitos de cidadania.
Temos todos nós, madeirenses e porto santenses, todas as condições criadas para favorecermos esse aprofundamento autonómico, em que o Partido Socialista está verdadeiramente implicado e empenhado pela sua própria natureza doutrinária. Não admitimos retrocessos nesse caminho de emancipação insular, tantas vezes ameaçado pela inabilidade de quem nos governa para lidar com a responsabilidade, as dificuldades e obstáculos que se vão colocando à nossa autonomia. Mas o povo é ainda quem mais ordena e não deixará que Abril morra.
Viva a Democracia, viva a Autonomia, viva a Liberdade!”.