Sérgio Gonçalves alertou, hoje, para o enorme risco de incêndios existente atualmente em torno da cidade do Funchal, criticando o modelo errado de gestão florestal que tem sido seguido pelo Governo Regional e apontando o facto de a anunciada faixa corta-fogo, entre o Terreiro da Luta e o Palheiro Ferreiro, se encontrar cheia de mato e de espécies invasoras, elas próprias potenciadoras desse mesmo risco.
Em conferência de imprensa realizada esta manhã no Caminho dos Pretos, o presidente do PS Madeira deu conta do facto de o Executivo apresentar todos os anos a faixa corta-fogo como uma das principais soluções para evitar a propagação de incêndios e proteger a cidade do Funchal, mas constatou, no próprio local, a proliferação e regeneração das espécies invasoras e o falhanço da reflorestação nestas zonas. Além disso, apontou também que nas serras de Santo António os tanques de água estão degradados, alguns inclusivamente com espécies invasoras a crescerem no seu interior. “Há aqui um risco enorme para a cidade do Funchal em termos de potencial de incêndios”, advertiu.
O líder dos socialistas não deixou também de criticar as recentes declarações do presidente do Governo Regional de que as serras estavam com muito mato devido ao facto de os terrenos serem propriedade privada e de os proprietários não os limparem. “Aquilo que o presidente do Governo Regional não diz é que a gestão é pública e, portanto, não há possibilidade por parte dos proprietários de rentabilizarem os terrenos, de terem qualquer atividade económica associada que lhes permita, no mínimo, efetuar a limpeza adequada dos terrenos”, esclareceu.
Pelo contrário, Sérgio Gonçalves explicou que o PS defende um modelo de gestão ativa da floresta, integrando a atividade agrícola, a pastorícia e a produção de espécies florestais para obtenção de lenha e, com tudo isso, os proprietários poderem ter uma exploração comercial dos terrenos. Trata-se, conforme vincou, de fazer o usufruto da floresta, daquelas que são as propriedades privadas, de forma a garantir um outro ordenamento do território e outra proteção da cidade do Funchal.
Tal como lembrou, no passado existiam áreas cultivadas e de pastoreio, criando o efeito de mosaico na paisagem, algo que que ajudava na prevenção de incêndios. “Hoje em dia, nada disso existe. O abandono do setor primário é uma das principais razões para o atual estado das nossas florestas. Aquilo que aqui observamos e evidenciamos é, de facto, um grande risco para a cidade e é importante implementar outro tipo de medidas” para evitar esta situação, vincou, recordando os grandes incêndios ocorridos em 2016.