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“O povo sabe o que quer e eu quero dar voz aos madeirenses: eles sabem que há outra forma de governar.”

Começa precisamente por revelar a já conhecida estranheza aquando do convite para em 2013 se candidatar à Câmara do Funchal por não ter experiência nem afiliação partidária. Mas acredita que a isenção e a luta pela verdade e transparência que demonstrou enquanto Secretário Nacional da Fenprof “plantou a semente” que lhe garantiu a confiança do Partido Socialista e o convite para o “laboratório de ideias”.

Fala do poder catalisador do PSD na região, um desafio aos quadros do PS, e de uma máquina constituída por organizações desportivas, sociais, culturais que lhe garantiam parte da sociedade civil. Tudo isto resultando num “poder regional monocolor” que nunca permitiu à Madeira o alcance de uma “maturidade democrática”.

Lança duras críticas a Miguel Albuquerque por considerar que a forma como este decidiu quebrar a ligação a Alberto João Jardim foi oportunista embora oportuna através da ideia de uma alternativa dentro do próprio partido. Ganhou o partido e a região, ao colo do desgaste do ‘jardinismo’ sem renovação, nem mudança real. E a única coisa que conseguiu foi “uma sociedade civil que embarcou numa ilusão.”

“Aquilo que noto nas ruas, nas conversas, é o cansaço das pessoas. Estão desiludidas. Criou-se a ideia de que ‘seria’ diferente, mas a situação, tendo outros protagonistas, não melhorou relativamente a uma perspetiva de desenvolvimento e uma estratégia para a região.”

Para Paulo Cafôfo, tudo começa a mudar em 2013, com a primeira vitória eleitoral na maior câmara da Região Autónoma da Madeira. Com um projeto político diferente de tudo o que havia existido e uma coligação criada de raiz, o grande desejo de “abertura” à sociedade civil teve finalmente início. Vontade essa que, acredita, irá contagiar positivamente a região e impactar as eleições de 2019.

Afirma ter os pés assentes na terra e a plena noção da “dificuldade que será ganhar as eleições em 2019”, no entanto, crê que o efeito sísmico do que tem vindo a ser feito por si e pelo partido nos últimos tempos veio “abalar um sistema montado há 40 anos” e isso tem, claramente, resultados visíveis.

Assume-se como ‘militante ideológico’ do PS com vontade de ser diferenciador em termos da forma de fazer política e de como se relaciona com o poder. Mas a sua posição enquanto independente “não é só um rótulo” e isso confere-lhe autonomia na criação de um projeto político feito na região que tem nos madeirenses a solução.

Confrontado com o apoio da delegação nacional do partido acredita que esta se deve a um desejo natural de conquistar a região suportado por aquele que tem sido o seu desempenho no Funchal e capacidade que nele encontram “para encabeçar um combate político na previsibilidade de poder sair vencedor”.

Para o candidato, o PS na região é atualmente um partido autárquico que insere as pessoas na construção do futuro e que, tal como ele próprio, trabalha junto delas.

Fala na proximidade com Emanuel Câmara “alguém de grande valor, um resiliente” a quem reconhece o mérito de conquistar uma autarquia tão pequena como Porto Moniz onde diz existirem fatores de maior entrave em termo de abertura e proximidade ao eleitor. Acrescenta ainda a humildade, característica que diz ter sido notória ao sugerir o seu nome enquanto candidato ao Governo Regional no lugar dele próprio. “Não é nada normal em política um líder dizer ao seu partido ‘o meu candidato é aquele que os madeirenses querem’, nem o nosso projeto é de um homem só, nem eu sou o herói.”

Sobre a proximidade às pessoas refere os Estados Gerais, uma iniciativa onde se juntaram “vontades e gentes para mudar” numa visão positiva da política que transmita esperança e apresente soluções.

Não nega uma postura de crítica à oposição, mas defende que esta vem sempre acompanhada por uma solução no sentido não de derrubar, mas de construir.

Relativamente à possibilidade de avançar com uma coligação, diz ser ainda muito cedo para pensar nisso. O foco agora é o de “discutir ideias com um projeto, gente e capacidade para ser alternativa” e claro, vencer. É por isso que está a desenvolver um projeto sólido e com substância que não defraude expectativas num momento único com uma nova maneira de estar e de fazer política.

A questão da autonomia também não ficou de fora. Para Paulo Cafôfo este é “um instrumento absolutamente indispensável contra o centralismo de Lisboa” que tem de ser combatido independentemente do partido à frente da República.

Reitera a necessidade de ser implementada com responsabilidade e com exigência de respeito por parte de Lisboa. “Somos muitas vezes desrespeitados e Portugal por vezes esquece-se que é um país melhor, maior, com outra valência, quer cultural, quer económica, com esta plataforma marítima que a Madeira tem.”

Todavia, diz que a região deve também dar-se ao respeito e não assumir uma postura diminuta de quem ‘pede esmola’ e espera que seja a República a resolver todos os seus problemas.

Neste âmbito vira-se de novo para o PSD e Miguel Albuquerque quem acusa de gritar para Lisboa sem qualquer prospetiva ou trabalho para resolver efetivamente os problemas.

Remata com a sua visão da política. Um método para resolver problemas do qual resulta a gratidão de poder sentir que se fez a diferença, mas sempre com “a humildade de aprender e ouvir, mas com a confiança na nossa capacidade em poder concretizar aquilo que são os anseios de uma população.”

E para o fazer, desenvolve um programa que tem por base uma política de constante diálogo e estímulo à participação cívica de todos os madeirenses com três áreas fulcrais – Educação, Economia e Saúde – que proporcione um crescimento económico e social sustentável que fixe a população e garanta futuro aos jovens.