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«O NOSSO FATOR DE DIFERENCIAÇÃO É ESSENCIAL PARA A SUSTENTABILIDADE DO DESTINO MADEIRA»

Na ocasião, o candidato do PS-M à presidência do Governo Regional começou por referir que, habitualmente, quando falamos em sustentabilidade pensamos logo em sustentabilidade ambiental. Mas, na verdade, disse, a sustentabilidade ambiental é um ponto, mas temos também a sustentabilidade económica, cultural, social, sendo que, na sua ótica, «o turismo é um ecossistema que tem um grande potencial, mas esse grande potencial só é concretizável se todas as componentes estiverem alinhadas». «É este alinhamento, pensado de forma global, que tem de ser visto na nossa terra», sustentou.

Paulo Cafôfo destacou o facto de a Madeira ser uma região com uma diversidade concentrada. «Temos a natureza, a montanha, o mar, a cultura e temos as pessoas. E, no turismo, tudo começa e tudo acaba nas pessoas», afirmou, salientando que a Madeira se distingue também pela forma como acolhemos, pela nossa hospitalidade e pela qualidade do nosso serviço.

O candidato socialista lembrou o facto de a Região ter mais de 200 anos de história em termos de turismo e de sermos um destino consolidado. Contudo, alertou que «não podemos viver à sombra da bananeira». «Hoje em dia, existe uma competitividade enorme e nós temos de saber melhorar o nosso desempenho para não ficarmos atrás», considerou Paulo Cafôfo, defendendo que «é preciso trazer consistência ao nosso destino» e que essa consistência só se consegue se preservarmos a nossa identidade. «O nosso fator de diferenciação é essencial para a sustentabilidade do destino Madeira», frisou.

Cafôfo questiona, por isso, «se temos feito tudo o que era possível fazer para trazer consistência e preservar a nossa identidade, ou se estamos simplesmente a gerir a conjuntura, não tornando duradouros os bons resultados nos últimos anos do turismo».

No seu entender, o turismo tem de ser visto nesta perspetiva de inovação e de reinventar aquele que é o nosso produto, sendo que há três áreas que são essenciais. Uma delas é a acessibilidade e a mobilidade, sendo que a questão do aeroporto é fundamental para a sustentabilidade do destino. Outra é a promoção, ou seja, de que forma é que vendemos, ou se estamos a vender bem o nosso destino. A terceira é a requalificação do produto em termos do edificado, do natural e do cultural. «Este produto que nós temos é único. Considero que temos tudo. Falta, se calhar, é darmos consistência e olharmos para o futuro e tornarmo-nos competitivos. E, para tornarmo-nos competitivos, temos de ser atrativos», vincou Paulo Cafôfo.

Um dos convidados do debate foi Roland Bachmeier, administrador da Galo Resorts, o qual, com a sua experiência, mostrou que «a sustentabilidade dentro da hotelaria hoje em dia é rentável e viável». «Acho que os meus colegas têm também de começar a repensar e fazer outros conceitos para o futuro», considerou. Roland Bachmeier deu alguns exemplos de medidas que devem ser seguidas com vista à sustentabilidade e defendeu a importância de «arregaçar as mangas e trabalhar em prol da Madeira, porque a Madeira é um diamante cru, que temos agora de limpar e pôr no mundo». «A sustentabilidade tem muitos campos. Pode ser natureza, cultura, as pessoas. É um conjunto de muito fatores e acho que temos de trabalhar em todos», afirmou.

Por seu turno, Daniel Frey, consultor, considerou que, hoje em dia, a sustentabilidade para um destino, a diferenciação e o posicionamento são um “must”, mas ainda são entendidos como uma opção. Na opinião deste consultor, que trabalha na área da sustentabilidade, é fundamental uma colaboração entre os “stakeholders”. «A maioria de nós – os empresários e os políticos – sempre tem um curto prazo na sua visão e temos de começar a pensar no longo prazo, para fazer a coisa certa pela preservação dos nossos patrimónios, quer seja histórico, cultural e ambiental», salientou. Segundo Daniel Frey, até agora, a maioria das empresas trata a sustentabilidade como uma componente separada, defendendo, por isso, que «precisamos de um diálogo e uma colaboração entre todas as entidades, sem fronteiras políticas».

Já Nuno Mateus, diretor do operador turístico Solférias, destacou o facto de a Madeira ser uma referência em termos de turismo, mas constatou também que tem muitas condicionantes, considerando que é muito importante pensar nas companhias aéreas que chegam à Região. «Houve três companhias aéreas que voavam para a Madeira que deixaram de operar e a grande discussão é que companhias é que vão substituir essas, porque, em termos de condições naturais e em termos de beleza, a Madeira é um destino espetacular e está a incrementar consideravelmente o número de camas», declarou. Segundo afirmou, a Madeira é um grande destino turístico e tem potencial para crescer, sendo que isso é algo de que todos os madeirenses têm de se orgulhar.

Por seu turno, Sérgio Gonçalves, coordenador da área da Economia dos Estados Gerais do PS-M, explicou o porquê da discussão da sustentabilidade em turismo. Segundo referiu, vivemos um momento em que a conjuntura não é tão favorável como foi em anos recentes e, além disso, continuamos a ter problemas com as acessibilidades, continuamos a discutir mais investimento para promoção e o nosso posicionamento estratégico. Tal como afirmou, «nada disto faz sentido se não houver uma visão integrada relativamente ao produto», tendo em conta que o produto é fundamental, porque é a razão pela qual as pessoas nos visitam.

O presidente do PS-Madeira, Emanuel Câmara, também marcou presença na iniciativa, tendo destacado a importância de debater o Turismo. O também presidente da Câmara Municipal do Porto Moniz aproveitou igualmente para mostrar a sua preocupação em relação às assimetrias entre a costa norte e a costa sul da Madeira. Referindo-se ao facto de o turismo estar «centralizado na costa sul, esquecendo-se o norte», Emanuel Câmara considerou que este é um problema que tem de ser combatido.