Esta ansiedade “saudável” de quem regressa ao ambiente escolar contrasta, infelizmente, cada vez mais, com a ansiedade aflitiva de muitos professores vítimas de colocações “a conta gotas”.
Esta ansiedade “saudável” de quem regressa ao ambiente escolar não se coaduna com fusões e extinções pouco criteriosas, feitas de forma apressada, quase à socapa, esquecendo-se que a Educação é algo demasiado importante para ser tratado de forma tão leviana e irrefletida.
Quando uma freguesia perde uma escola, perde parte da sua identidade. Deixam de ser audíveis as gargalhadas e mergulhamos num silêncio quase ensurdecedor. Quando uma freguesia perde uma escola, damos um passo rumo ao vazio do precipício da desertificação, entrando-se numa espiral desenfreada em que a falta de população deixa de ser a causa do encerramento dos estabelecimentos de ensino, mas passa a ser também, efetivamente, uma consequência de tal medida.
A desertificação nos concelhos do Norte da Região Autónoma da Madeira não se combate com este tipo de políticas de diminuição de serviços disponíveis e consequente redução de postos de trabalho.
Enquanto as autarquias se mobilizam num investimento financeiro considerável, apostando num caminho rumo à Educação gratuita, o Governo Regional funde e extingue estabelecimentos de ensino.
Enquanto o Município do Porto Moniz investe, de olhos postos no futuro, na gratuitidade de manuais, livros de atividades, transporte escolar, no apoio aos estudantes do Ensino Superior e na comparticipação em 50% nas mensalidades da Creche e Pré-Escolar, o Governo Regional aposta num autêntico regresso ao passado, reunindo os todos os níveis de escolaridade num só estabelecimento de ensino.
A Educação é importante demais para ser gerida nesta lógica de “Tudo ao molhe e fé em Deus”. O futuro das nossas crianças e dos nossos jovens é importante demais para ser gerido com base em critérios dúbios, que permitem o funcionamento de turmas mistas com um reduzidíssimo número de alunos em determinados concelhos e a inviabilizam o funcionamento de turmas de um único ano de escolaridade noutros.
Custa-me e nem quero colocar a hipótese de que por detrás deste tipo de decisões estejam manobras políticas. Custa-me e nem quero colocar a hipótese de que por detrás deste tipo de decisões esteja uma espécie de vingança ignóbil, que faz dos estudantes do Porto Moniz autênticas “cobaias”, usadas para testar um modelo que, por descurar as especificidades de cada nível de ensino, poderá não ter pernas para andar.
Enquanto o Município do Porto Moniz é pioneiro na implementação de medidas de apoio à Educação, felizmente já seguidas por outros municípios, o Governo Regional desinveste nas nossas crianças e jovens, brincando com o nosso Futuro.
Aos que iniciam esta semana um novo ano letivo, desejo os maiores sucessos endereço uma palavra de apoio, estímulo e motivação. Não se deixem abalar pelas adversidades, porque ainda há quem olhe para a Educação com a seriedade e respeito que ela merece.
Um excelente ano letivo para todos.
Por Emanuel Câmara, presidente do PS-M, publicado no JM-Madeira, no dia 19 de setembro.