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Ministério das Finanças compromete-se a retomar grupo de trabalho para criar Fundo de Recuperação de Créditos do BANIF

O Ministério das Finanças comprometeu-se, hoje, a retomar o quanto antes os trabalhos do grupo constituído com vista à criação do Fundo de Recuperação de Créditos para dar resposta aos lesados do BANIF.

O anúncio surgiu na sequência da interpelação feita esta tarde ao ministro das Finanças pelo deputado do PS Madeira à Assembleia da República Miguel Iglésias, no âmbito da discussão na especialidade do Orçamento do Estado para 2022.

Na ocasião, dirigindo-se a Fernando Medina, o parlamentar socialista em São Bento lembrou que, a 17 de dezembro do ano passado, foi realizada uma reunião entre a Associação de Lesados do BANIF (ALBOA) e elementos nomeados pelo Governo da República para a criação de um grupo de trabalho tendente à criação de um Fundo de Recuperação de Créditos, o qual integra representantes do Executivo, do Banco de Portugal e da Comissão de Mercado de Valores Mobiliários, mas aguardava a formação do novo Governo para novos desenvolvimentos de trabalho.

Ora, numa altura e que já está em funções o novo Executivo e em que está em discussão o orçamento para este ano, Miguel Iglésias quis saber em que passo está este processo e que diligências são esperadas de modo a que o grupo de trabalho cumpra o objetivo para o qual foi criado. “Estamos a falar de cerca de 2.300 pessoas, mais de dois milhares de famílias, a maior parte das quais residentes nas Regiões Autónomas, que viram as suas vidas transtornadas, muitas delas passando já por dificuldades de miséria”, alertou o deputado do PS, apelando à sensibilidade do governante relativamente a esta matéria.

Em resposta ao parlamentar eleito pelo círculo eleitoral da Madeira, o ministro das Finanças referiu que, devido às eleições antecipadas, houve um período em que não se realizaram reuniões, mas, passada esta fase, confirmou a necessidade de avançar com o desenvolvimento do grupo de trabalho. O Ministério compromete-se a retomar esse processo rapidamente e a, junto do Banco de Portugal e da Comissão de Mercado de Valores Mobiliários que integram o grupo de trabalho, diligenciar a metodologia e as próximas reuniões tendo em vista o seu objeto.

Refira-se que o BANIF, criado em 1988, chegou a assumir a oitava posição na lista dos maiores bancos portugueses, contando com cerca de 680 agências em Portugal e no estrangeiro, com particular destaque na Venezuela, África do Sul, Brasil, Reino Unido e Espanha, entre outros. Com a deterioração da situação financeira do banco, em 2015 a Comissão Europeia aprovou temporariamente um Auxílio Estatal que resultou na autorização para uma operação de recapitalização do BANIF com investimento público em 1,1 mil milhões de euros. No entanto, esta operação foi aproveitada pelos seus comerciais e estruturas para venda de produtos aos clientes, convencendo-os de que agora se tratava de um banco público e totalmente seguro. Situação que levou a que, nas regiões autónomas em particular, muitos cidadãos tenham sido “enganados de forma dolosa e escandalosa”, sem conhecerem a situação real das suas contas e a fragilidade em que se encontravam.