Contando com a participação de cerca de 500 pessoas, entre elementos da comunidade LGBTI e apoiantes, a marcha percorreu diversas ruas da cidade sem que tenham sido contabilizados quaisquer incidentes mesmo sem acompanhamento policial devido a uma eventual falha de comunicação na Polícia de Segurança Pública.
“No ano passado o nosso mote foi ‘Viver na Diversidade’, porque achámos que era ideal para iniciar o Funchal Pride, mas este ano fomos mais além e o nosso lema é ‘Transpor Preconceitos'”, disse o porta-voz da organização, Emanuel Caires.
Com o objetivo de sensibilizar para as questões transexuais, o Funchal Pride divide-se em dois grandes momentos: a marcha e o arraial, que decorreu no Jardim Municipal, no centro da capital madeirense.
Segundo Emanuel Caires o processo de transição na Região “não está a acontecer da melhor maneira” porque o serviço público de endocrinologia “não está a funcionar como deveria obrigando os transexuais a recorrerem ao serviço privado de saúde para os cuidados que precisam.
Para além destas dificuldades no acesso a cuidados médicos, Emanuel alertou ainda para o “êxodo” que afeta a população LGBTI+ na Madeira, sobretudo os jovens, devido aos “preconceitos” e à “insegurança”.
“Sabemos que existe uma grande tendência para a juventude LGBTI se fixar noutras cidades de Portugal, fora da Madeira e Porto Santo, para que possam ser elas próprias, porque existe, de facto, uma grande insegurança na região, uma insegurança que é familiar, social, profissional, uma insegurança que é tudo e mais alguma coisa”, afirmou, reforçando a necessidade “mais apoio” das entidades oficiais.
Caroline Gouveia, uma das participantes enquanto apoiante da comunidade LGBTI+, afirma que os tabus ainda são uma “realidade muito presente” na sociedade madeirense, e é necessário combater isso mesmo.
Da mesma opinião é Alex Faria, que acredita que “a realidade [da comunidade LGBTI+] na região não é nada animadora”.
“Em termos de legislação, temos assistido a um avanço, mas este processo consiste sempre em duas fases: legislar e educar. O Pride é justamente isso: educar as pessoas, habituar as pessoas a que existimos, que estamos cá e não nos vamos esconder num buraco”, disse.
Na marcha estiveram ainda presentes várias entidades como a Amnistia Internacional, a Opus Gay, a Associação Abraço, da União de Mulheres Alternativa e Resposta (UMAR), o grupo Mad le’s Femme e a Fundação Portuguesa A Comunidade Contra a Sida assim como a Associação ILGA, a mais antiga associação dos direitos humanos de lésbicas, gays, bissexuais, trans e intersexo em Portugal, e a AMPLOS, uma associação de mães e pais de crianças e jovens LGBTI+.
“O maior receio dos pais são os outros. É o grande medo: os outros. O que os outros vão dizer”, considerou Manuela Ferreira, vice-presidente da AMPLOS.