Abílio Martins defendeu, este sábado, que o “mar é uma grande oportunidade que tem sido desperdiçada ao longo do tempo”.
O gestor participou na I Convenção dos Estados Gerais do PS Madeira, chamando a atenção para o potencial enorme que a Região tem para aproveitar o mar, e a oportunidade “para crescermos e nos diversificarmos com melhor eficiência e mais riqueza”.
Na ocasião, salientou que a inovação e a adaptação das políticas públicas são fundamentais para que exista diferenciação e resiliência. Concluiu, referindo que a economia do mar é importante para um desenvolvimento harmonioso e diversificado, agregado em quatro pilares: a alimentação, o turismo e lazer, os recursos e energia e a mobilidade.
Esta opinião foi também partilhada por José Manuel Marques. O biólogo marinho especialista em planeamento e ordenamento do espaço marítimo defendeu que “o mar sempre foi um elemento estratégico e estruturante, e mesmo que não tivesse os recursos que tem, seria sempre um fator estratégico para Portugal”.
José Manuel Marques apontou a necessidade de pensar projetos diversificados em várias atividades fundamentais para o desenvolvimento, desde a pesca à produção de energia offshore, turismo marítimo e subaquático.
“O mar é aquilo que nos une”, referiu, terminando com uma provocação: “Encontrar uma centralidade ultraperiférica, uma centralidade portuguesa que certamente passará pelo mar”.
Já António Sarmento defendeu que é necessário olhar para o mundo e perceber os desafios que nos espreitam.
O Presidente da WaVEC Offshore Renewables apontou que é necessária uma resposta para o aumento populacional, que triplicou em 70 anos. Dessa forma, defendeu que urge encontrar soluções para a produção de energia e alimentação, e que o mar é fundamental para atingir esse objetivo.
“A energia eólica é uma realidade que teve um desenvolvimento extremamente significativo”, salientando “o potencial de desenvolvimento económico associado” à criação de parques eólicos flutuantes. Referiu ainda que “é possível ter equipamentos para produzir hidrogénio nestes parques eólicos flutuantes, que permitiriam não só capturar CO2 que existe na água, reduzindo a acidificação dos oceanos, mas também produzir água doce que é fundamental em áreas afetadas pela seca.”
“O mar é um ativo estratégico para a Madeira”, defendeu Frederico Serras Gago.
Para o fundador da Front Capital, é necessário pensar numa economia mais resiliente e sustentável, fundamentada no capital natural existente na Madeira. Frederico Serras Gago destacou a necessidade de pensar no investimento na economia azul e verde com sinergias público-privadas, revelando que existe muito interesse das empresas, a nível nacional e internacional, em projetos na área ambiental e de ecoturismo.
Por seu turno, Sérgio Ávila desafiou a Madeira a olhar para as novas tecnologias como uma solução para o desemprego, acusando o modelo de desenvolvimento económico madeirense de não gerar riqueza devidamente distribuída.
Na opinião do deputado à Assembleia da República, que foi também Vice-Presidente do Governo Regional dos Açores, a Madeira tem potencial para criar um “Vale da Programação” como os Açores o fizeram, referindo que faltam 50.000 programadores de software em todo o mundo. Aproveitou o exemplo da implementação desse projeto nos Açores, que criou centenas de empregos bem remunerados na região, atraindo mais de 20 empresas tecnológicas.
A Convenção dos Estados Gerais do PS Madeira será retomada após a pausa para o almoço, às 15h, momento em que será debatida a temática das Políticas Públicas de Saúde.