Paulo Anjos, responsável pelo projeto “Existências”, referiu que o projeto nasceu porque “quando a prevenção falha, é necessário a redução de riscos e minimização de danos”. Nesse sentido, apontou ao pouco interesse na prevenção e a pouca consciência do risco, que convidam ao consumo de substâncias difíceis de controlar.
Conforme explicou no debate sobre a Toxicodependência promovido pelo PS-Madeira, este projeto, iniciado em Coimbra, define como prioritária uma intervenção que tenha em conta as diversas tipologias de consumidor, desde o utilizador de drogas de alto risco em situações de risco social, como também de utilizadores de consumos excessivos na recreação noturna.
Conforme demonstrou, a intervenção divide-se em equipas de rua e em estruturas de apoio fixas que oferecem uma rede de suporte e aconselhamento para consumos de menor risco, defendendo que a distribuição de material higienizado permite salvar vidas.
O gestor de projetos apontou ainda as salas de consumo assistido como uma medida importante para o controlo do consumo na Madeira, tal como já existem em Lisboa, criando espaços seguros para o consumo para pessoas em situação de sem-abrigo.
Também Águeda Figueira, responsável pelo projeto “Alternativa”, comungou da necessidade de a intervenção se focar na proximidade. Como referiu, o projeto com área de atuação no Funchal permitia “ganhar a confiança para aproximar os beneficiários das estruturas sociais e de saúde”, garantindo que “nós nunca conseguimos trabalhar sozinhos”, e que “a proximidade facilita o processo de mudança de indivíduos que não procuram nem chegam aos serviços”.
Vincou que “os técnicos de rua são a chave de intervenção e para promover mudanças positivas”. No entanto, defendeu que a complexidade do indivíduo sem-abrigo depende de um conjunto de problemas e não de uma situação específica. Nesse sentido, acredita que “a resposta tem de ser adequada ao indivíduo”. A eliminação do consumo não é sempre a resposta, porque isso pode afastar algumas pessoas, podendo ser suficiente apenas controlar esse consumo.”
Lamentou, no entanto, a falta de financiamento que fez com que o projeto tivesse suspendido a distribuição de materiais no Funchal em dezembro do ano passado.
Terminou, defendendo que é necessário também combater o preconceito e procurar apoiar essas pessoas em situação de sem-abrigo. “A ideia que quero passar é a de acolher e não de punir”, concluiu.