A politóloga Teresa Ruel defendeu a reabilitação do sistema político na Madeira, considerando “intrigante” o facto de, em 48 anos, não ter havido alternância governativa.
A professora auxiliar de Ciência Política na Universidade Lusófona, com larga experiência na investigação sobre o sistema partidário madeirense, considerou que nos últimos dois anos o sistema político na Madeira produziu um bloqueio institucional. “Entraram novos atores políticos, novos partidos ganharam representação política, mas o facto de existir multiplicidade de partidos não tem conseguido trazer a governabilidade expectável”, observou.
De acordo com Teresa Ruel, o PSD não consegue governar com as soluções que tem encontrado, seja de coligação, ou coligação e com apoio parlamentar, porque a dinâmica na Assembleia se transformou.
Para a politóloga, que participou nos Estados Gerais do PS, “não conseguimos usar a mesa receita esperando resultados diferentes”, pelo que “é tempo de ensaiar outras soluções governativas”. Isto porque, frisou, as instituições estão debilitadas, corroídas e cristalizadas, em consequência de 48 anos do mesmo partido a governar.
Teresa Ruel denunciou a opressão social que existe na Madeira, bem como a erosão que se tem vindo a verificar no partido que tem governado a Região. “Há uma erosão, um desgaste associado a 48 anos de poder”, reforçou, acrescentando que “a jusante há uma oportunidade de garantir, ensaiar, reabilitar, para fazer diferente”.
Deixou ainda críticas à não aplicação da nova Lei Eleitoral, aos vícios do sistema político e ao estatuto Político-Administrativo anacrónico.
PS é que pode dar estabilidade à Madeira
No final, o coordenador dos Estados Gerais, Gonçalo Leite Velho, fez uma súmula das medidas e soluções importantes para o futuro da Região que foram debatidas nas duas sessões. Salientou, por isso, que “é o PS que nos pode conduzir para fora deste horizonte curto de instabilidade”.