Sérgio Gonçalves vincou, esta manhã, o foco do Partido Socialista-Madeira em apresentar soluções conducentes a um novo ciclo de desenvolvimento que seja capaz de tirar a Região do ciclo de empobrecimento a que ficou votada ao fim de quase cinco décadas de governação do PSD.
No âmbito de uma conferência sobre os desafios estratégicos para a Região, que teve lugar em Santa Cruz, o presidente eleito do PS deu conta dos graves problemas que a Região enfrenta, defendendo medidas públicas de âmbito fiscal, de apoio à criação de emprego e de promoção da coesão social e territorial que respondam a esta situação.
“Temos hoje a região mais pobre do País, com a taxa de risco de pobreza e de privação material severa mais elevada e temos problemas em termos demográficos que decorrem também desta falta de oportunidades”, afirmou Sérgio Gonçalves, apontando igualmente o facto de 88% do rendimento médio mensal da população ativa na Região corresponder ao salário mínimo regional, o que também tem contribuído para que, nos últimos 10 anos, cerca de 17 mil madeirenses tenham saído da Região.
O dirigente referiu que muitos dos problemas com que a Região se depara relacionam-se com a sua condição insular e ultraperiférica e com as questões da continuidade territorial e da mobilidade, mas sublinhou que decorrem também daquela que tem sido a incapacidade do Governo Regional em implementar medidas para responder aos desafios demográfico, da coesão e do combate às desigualdades.
“Tudo isto se faz com políticas direcionadas para ganhos de competitividade e de crescimento que permitam às nossas empresas criar emprego, pagar melhores salários e retermos cá a população residente”, sustentou o responsável, defendendo igualmente a importância de apostar na formação e de adequar as qualificações às necessidades e às oportunidades que existem no mercado de trabalho, mas também de criar novas oportunidades.
Por outro lado, Sérgio Gonçalves considerou que a Madeira precisa de fazer uso dos instrumentos autonómicos de que já dispõe. “A Região tem neste momento a possibilidade de reduzir os impostos nacionais em 30% e só o faz em termos de IRC. Não o faz no IRS, onde os madeirenses continuam a pagar mais do que os açorianos em cinco dos sete escalões, e não o faz em sede de IVA”, disse, acrescentando que a redução do IVA seria um estímulo muito importante não só para o rendimento disponível das famílias, mas também para que as empresas pudessem ter outras condições de tesouraria.
A um outro nível, o presidente eleito do PS-Madeira advogou a necessidade de implementar as alterações ao subsídio social de mobilidade e de instalar os radares no aeroporto. Não obstante a resolução destas questões pendentes com a República (reivindicações que o PS-M acompanha), o dirigente socialista frisou que há outras matérias que só dependem do Governo Regional e que, passados tantos anos, continuam sem resposta, como o plano de contingência do aeroporto e a criação do fundo regional para captação de novas rotas, fatores que seriam determinantes para melhorar as condições de mobilidade e de acessibilidade à Região, quer para os turistas, quer para a população residente.
Sérgio Gonçalves deu ainda conta do compromisso do PS de apresentar as melhores soluções para os madeirenses e porto-santenses no programa de governo para as eleições regionais de 2023, mas lembrou também o trabalho que tem vindo a ser feito pelo Grupo Parlamentar, adiantando que os socialistas já apresentaram cerca de 200 propostas, ao passo que o PSD e o CDS apenas apresentaram 50. “Isto quer dizer que nós fazemos num ano aquilo que eles fazem em quatro”, sublinhou.
Na ocasião, o novo presidente eleito do PS endereçou ainda uma mensagem de solidariedade ao povo ucraniano, considerando que o conflito que se vive naquele País, em consequência da invasão russa, é um problema que a todos deve preocupar.
Momentos antes, Oksana Kerekesh, uma cidadã ucraniana a residir na Madeira, agradeceu, de forma emocionada, o apoio e solidariedade que têm sido manifestados pelos madeirenses ao povo ucraniano. Oksana Kerekesh apelou à paz e ao governo russo para que recue nesta ofensiva.