Por mais voltas argumentativas que se dêem, por mais questões acessórias que acrescentem à discussão, por mais reinvenções históricas que se façam e por mais exigências extraordinárias que se coloquem à oposição, é à pergunta de querermos mudar ou continuar que responderemos. Para fazermos essa escolha, precisamos todos de ter coragem: coragem para mudar.
No PS, precisámos de coragem quando decidimos fazer as coisas de maneira diferente ao longo do último ano e meio, acrescentando a este projecto pessoas novas, com ideias frescas. Nos partidos políticos da oposição, sem excepção, precisamos agora de ter coragem para compreender o que está verdadeiramente em cima da mesa – e o que está é contribuirmos para continuar, ou contribuirmos para mudar, clarificando de uma vez por todas quem são os verdadeiros adversários à criação de um modelo de desenvolvimento e social mais livre, mais igual, mais fraterno, mais solidário e mais justo. Precisamos de coragem para, na hora decisiva, olharmos para a Madeira e para o Porto Santo como a causa maior que nos une, em detrimento das circunstâncias que nos separam.
Na sociedade civil, precisamos de coragem para dar um passo em frente – em frente e não para o lado, esquivando-se ao contributo, ao combate e cedendo à narrativa fácil de que o resultado final é sempre culpa e responsabilidade dos outros e dos mesmos. O futuro de todos está no contributo possível de cada um – e já muita gente teve coragem para dar esse passo em frente, ao longo dos últimos anos. Foi isso que fizeram todos aqueles que em 2013 se organizaram e candidataram para mudar alguns dos municípios da Região – e que mudaram, substituindo políticas, tiques e posturas antigas, por políticas responsáveis, viradas para as pessoas e para o futuro. Foi isso que fizeram todos aqueles que não se coibiram de participar nos Estados Gerais e em tantas outras iniciativas organizadas pelo PS e por outros partidos, com um objectivo apenas: ter ideias novas, promovidas por gente nova, para mudar uma Região demasiado habituada a mais do mesmo, qual regime monárquico em que acredita quem nos governa.
Ter coragem. Coragem foi o que tiveram todos aqueles que, ao longo de 43 anos de regime unicolor, deram um passo em frente, contra todas as probabilidades; foi o que tiveram todos aqueles que, ao longo das últimas semanas, de forma totalmente desprendida, abdicaram do conforto de cargos sociais e profissionais para se juntaram a Paulo Cafôfo nesta caminhada até 22 de Setembro; coragem foi o que fez Paulo Cafôfo avançar em 2013 e o que o fez renunciar agora a um lugar no Funchal para lutar pela Madeira e pelo Porto Santo.
A Madeira não pode esperar. Para mudar a Madeira, precisamos de ter coragem: todos, sem excepção, em todos os sítios, em todas as freguesias, em todos os concelhos, na Madeira e no Porto Santo, no Continente, no Reino Unido, na Venezuela, na África do Sul, em todos os lugares onde existir um madeirense. Coragem para escolher um amanhã que não é o mesmo que os nossos avós escolheram, que os nossos pais tantas vezes escolheram, que os nossos amigos tantas vezes se convenceram de que era o único possível; coragem para mudar e fazermos o que ainda não foi feito na Saúde, na Educação, no Emprego, na Habitação e em tantas outras áreas da governação.
Coragem para mudar: a nossa vida e a dos que nos rodeiam. Para ser diferente. Para tomar a iniciativa. Para ganhar o futuro. Chegámos longe demais para voltar atrás agora. Coragem!
Artigo de opinião de João Pedro Vieira, secretário-geral do PS-Madeira, publicado no Diário de Notícias da Madeira no dia 17 de junho.