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“A agricultura não é a arte de trabalhar de sol a sol, nem de empobrecer alegremente”

Sílvia Silva focou a sua intervenção na importância da agricultura regional, apresentando-a não só como a atividade económica, produtora de alimentos e geradora de oportunidades, mas também como instrumento de ordenamento, fundamental para a ocupação sustentada do território e ainda como resposta social e ambiental para problemas como o défice de saúde e a pobreza que afetam a população madeirense.

A antiga deputada do PS-M considerou que o modelo que deve ser incentivado deve ir ao encontro da agricultura tradicional madeirense, percebendo e sensibilizando para a importância da pequena agricultura na nossa Região, em oposição a uma agricultura intensiva, desapegada do território e muito dependente de fatores externos que não tem conseguido contornar os constrangimentos da agricultura regional, como mostram os números do declínio desta atividade na Região.

No entender da engenheira de produção animal, é preciso contrariar o modelo que tem vindo a ser incentivado, apostando em modelos verdadeiramente sustentáveis, apoiados em recursos locais, pouco dependentes de fatores de produção exteriores à Região e à exploração. Para que seja possível atrair os jovens para a atividade, entende que há que lhes mostrar que “a agricultura não é trabalhar de sol a sol, nem é a arte de empobrecer alegremente”. Há que ensinar-lhes novas técnicas agrícolas compatíveis e que estão na base da agricultura tradicional sustentável, que implicam atualmente muita sabedoria e que não estão ao alcance de muitos “doutores”, trazendo dignidade a uma atividade que está na base da nossa sobrevivência, que constitui um serviço público à população pelos benefícios que traz e que pode ser muito rentável, considerou.

Neste domínio, a preletora relacionou esta atividade com a saúde, focando a necessidade de incentivar uma agricultura mais ecológica, mais promotora da saúde e uma alimentação mais saudável e de proximidade.

Por outro lado, exemplificando com os incêndios que afetaram a Califórnia e, naturalmente, aqueles que ciclicamente atingem a Região, Sílvia Silva destacou a necessidade de promover um melhor ordenamento e a ocupação sustentável do solo. Defendeu, nesse sentido, um modelo de pastoreio dirigido, sempre acompanhado por pastores com formação, com animais de várias espécies, adequando o animal ao recurso alimentar disponível nas áreas prioritárias de passagem dos rebanhos, de acordo com o risco de incêndio, possibilitando ao mesmo tempo uma atividade económica capaz de gerar receita e reforçar a soberania alimentar.

É necessária uma gestão sustentável dos fluxos turísticos

Élvio Camacho, gestor e professor do Instituto Superior de Administração e Línguas, alertou para a necessidade de garantir a inovação e sustentabilidade no turismo, considerando fundamental a existência de uma gestão de fluxos e a monitorização em tempo real da capacidade de carga do destino e dos diferentes trilhos.

O orador, que abordou o turismo e a diversificação económica, defendeu a criação de um sistema de pré-reserva para percursos recomendados e a criação de um selo ‘Madeira Sustentável’ aplicado ao setor, penalizando quem não cumpre com esses requisitos.

Apesar dos recordes de hóspedes e de dormidas, Élvio Camacho perguntou se estamos mesmo a trazer os turistas que queremos, voltando a focar a importância de monitorizar a capacidade de carga da ilha.