O deputado do PS-Madeira à Assembleia da República Miguel Iglésias salientou, hoje, a preocupação social que o Governo da República tem manifestado relativamente às comunidades emigrantes, relevando os diversos apoios que têm sido criados pelo Executivo e que foram expressos esta tarde pelo secretário de Estado das Comunidades Portuguesas, Paulo Cafôfo.
Na audição ao ministro dos Negócios Estrangeiros, no âmbito da Comissão Parlamentar de Negócios Estrangeiros e Comunidades Portuguesas, na qual participou o secretário de Estado e foi abordada a política externa portuguesa, em particular os assuntos das Comunidades, o parlamentar eleito pela Madeira questionou Paulo Cafôfo sobre os apoios aos emigrantes que se encontram em situações sociais mais carenciadas, tendo obtido respostas “encorajadoras e positivas” sobre o papel que o Governo da República, em particular a Secretaria de Estado das Comunidades, tem desempenhado.
“Sabemos bem que hoje lidamos com comunidades muito assimétricas nos vários países, fruto de fluxos migratórios de tempos diferentes, de gerações diferentes, e esse é, aliás, um retrato que pode ser bem analisado e evidenciado nos relatórios que o Observatório da Emigração tem divulgado publicamente. Infelizmente há países que foram grandes destinos de portugueses durante muitas décadas, destinos tradicionais que por diversas razões estão paulatinamente a deixar de ser destinos de eleição para aqueles nossos conterrâneos que querem procurar oportunidades no estrangeiro”, afirmou Miguel Iglésias, dando o exemplo da Venezuela e da África do Sul, países com uma enorme comunidade portuguesa, mas para onde, efetivamente, decresceu de forma expressiva a ida de emigrantes, e dos quais, em particular, assistimos também a um expressivo regresso a Portugal, ou para outros países.
Para o deputado do PS, “este fenómeno tem o problema de desestruturar as nossas comunidades”, já que “começa a haver um envelhecimento expressivo da população portuguesa nesses países que não têm um Estado providência como os países europeus”. Por outro lado, devido às próprias condições económicas que esses países têm enfrentado nos últimos anos, “assistimos também a problemas complexos com cada vez maiores carências sociais”.
Em resposta a estas preocupações manifestadas, o secretário de Estado Paulo Cafôfo deu conta dos diversos apoios que o Estado tem providenciado aos emigrantes em situação de carência, apontando em particular os programas ASIC-CP e ASEC-CP, que são medidas de apoio social que revestem a natureza de subsídio e se destinam a cidadãos nacionais residentes no estrangeiro, em situação de carência de meios de subsistência ou vulnerabilidade. Em 2022 estes apoios ascenderam a 657.000 euros e, no 1º trimestre deste ano, já chegaram a 189.000 Euros. Por outro lado, e especificamente na Venezuela, é de relevar o aumento da rede médica de apoio à comunidade de 4 para 6 médicos, bem como apoios que no total representam 100.000 euros em 2023. Também em relação ao associativismo houve boas notícias: os apoios às diversas associações na diáspora aumentaram 14% em 2023 para 903.989 euros, abrangendo agora 19 países, com 88 associações apoiadas e 136 projetos apoiados.
Miguel Iglésias salienta que estes dados providenciados pelo secretário de Estado “demonstram claramente o esforço do Governo da República em atenuar os problemas de índole socioeconómica que existem em algumas comunidades, em particular em países onde residem muitos madeirenses”, e reforça a confiança de que estes portugueses no estrangeiro “não ficarão esquecidos. Pelo contrário, terão apoios mais sustentados e de acordo com as suas necessidades”.