Segundo a oradora, são dois os pilares fundamentais que devem sustentar um edifício cultural. O primeiro prende-se com o princípio de que a Cultura é um bem público que não pode ficar “fechada dentro de salas e salões para elites claramente eruditas e adequadamente preparadas”. Já o segundo é o princípio de que a Cultura é um “fator determinante e transversal para a coesão e para o desenvolvimento” e que não se limita ao entretenimento e ao conhecimento.
Violante Matos afirmou ainda que desde que o PSD detém o poder na Região, a Cultura tem sido encarada como um “apêndice de qualquer coisa”. “Dos 12 governos regionais, em quatro esteve ligada à Educação. Nos oito restantes foi subsidiária do Turismo”, salientou.
“A opção turística da Cultura que não sabe o que fazer para salvaguardar produtos culturais certificados, deixando-os paulatinamente a ser substituídos por péssimas pseudo-imitações importadas, é a que sempre olhou com desconfiança, quando não mesmo com ostracismo, para artistas e agentes culturais – a menos que, evidentemente, se submetessem às regras ditadas pela Quinta Vigia. A mesma opção turística que não soube, mas também nunca quis, criar massa crítica capaz de elaborar um programa de comemorações dos 600 anos que tivesse a ter com a história desta terra, com as suas gentes, com a sua cultura”, acrescentou.
Para a bióloga, a Cultura tem de estar representada no Conselho de Governo através da criação da Secretaria Regional da Cultura, uma solução que revele mudança e que faça efetivamente a diferença.
O debate prosseguiu sob a coordenação de Luísa Paolinelli, contando com a participação de Bernardo Nascimento, cineasta, e Carlos de Sena Caires, professor da Universidade de Coimbra.
A coordenadora começou por realçar a importância da Cultura enquanto elemento fundamental para a construção de uma sociedade desenvolvida, afirmando que “a Cultura e a Ciência contribuem ambas para o desenvolvimento social e económico”.
Bernardo Nascimento, por seu turno, defendeu a necessidade de oferecer incentivos fiscais que motivem produtores e empresas audiovisuais a realizar trabalhos que possa promover, de forma direta e indireta, a Madeira a nível internacional.
“Nesta coisa da produção da identidade há uma oportunidade absolutamente única no audiovisual, porque não há outro meio mais eficiente. Um turista ou um miúdo faz um vídeo fantástico da Madeira e há possibilidade de alcançar milhões. É uma oportunidade que tem de ser aproveitada por quem quiser construir essa identidade”, explicou.
Como sugestões de futuro para o Governo Regional o cineasta deixa a criação de um arquivo online do património audiovisual e de uma agência ou entidade de promoção da produção audiovisual madeirense, usando neste caso como exemplo a Nova Zelândia e os benefícios da rodagem do filme ‘O Senhor dos Anéis’ no país.