InícioAtualidadeVIOLANTE MATOS DEFENDE CRIAÇÃO DA SECRETARIA REGIONAL DA CULTURA

VIOLANTE MATOS DEFENDE CRIAÇÃO DA SECRETARIA REGIONAL DA CULTURA

O primeiro é o princípio de que a cultura é um bem público, expressa num imenso caldo que constitui a matriz e a identidade de um povo ou de uma sociedade «e não é para ficar, nem pode ficar, fechada dentro de salas e salões para elites claramente eruditas e adequadamente preparadas». O segundo é o princípio de que a Cultura, além de se poder constituir como fator de entretenimento e de conhecimento, «não pode deixar de ser fator determinante e transversal para a coesão e para o desenvolvimento».

De acordo com Violante Matos, na Região, desde 1978 (desde a chegada do PSD ao poder), a cultura apareceu sempre como o «apêndice de qualquer coisa». «Dos 12 governos regionais, em quatro esteve ligada à Educação. Nos oito restantes foi subsidiária do Turismo», disse, acrescentando que «esta opção turística produz um Carnaval que não tem nada a ver connosco, festas da flor que duram semanas, festas do vinho transformadas em arraiais, festivais de veleiros topo de gama cuja mais-valia ainda gostava de perceber».

«A opção turística da cultura que não sabe o que fazer para salvaguardar produtos culturais certificados, deixando-os paulatinamente a ser substituídos por péssimas pseudo-imitações importadas, é a que sempre olhou com desconfiança, quando não mesmo com ostracismo, para artistas e agentes culturais – a menos que, evidentemente, se submetessem às regras ditadas pela Quinta Vigia. A Mesma opção turística que não soube, mas também nunca quis, criar massa crítica capaz de elaborar um programa de comemorações dos 600 anos que tivesse a ter com a história desta terra, com as suas gentes, com a sua cultura», sublinhou.

Violante Matos defendeu que a Cultura tem de estar representada no Conselho de Governo. «Defendo, e em particular pelo estado a que a Região chegou, que é preciso um passo novo para tentar fazer diferente, para dar um sinal do que queremos e por onde queremos ir – e nesta questão, o passo novo é a criação da Secretaria Regional da Cultura. É preciso fazer a diferença e é urgente ser ousado», declarou.

Por seu turno, Luísa Paolinelli, coordenadora do debate, salientou a importância da Cultura, considerando-a fundamental para a construção de uma sociedade desenvolvida. Segundo afirmou, «a Cultura e a Ciência contribuem ambas para o desenvolvimento social e económico».

O debate conta ainda, no primeiro painel, com as intervenções do cineasta Bernardo Nascimento e de Carlos de Sena Caires, professor da Universidade Católica de Macau.