A deputada Sílvia Silva criticou o falhanço governativo na Região em matéria de clima, apesar das aparências e dos títulos.
A parlamentar considerou grave continuar a promover uma agricultura intensiva, de monocultura, meramente economicista, totalmente dependente de pesticidas e de combustíveis fósseis, que “mede a modernização do setor pelo número de motocultivadores vendidos”, e que é errado negar as nossas próprias especificidades, ignorar a importância de preservar a biodiversidade e a paisagem agrícola, esquecer a necessidade de reforçar a soberania alimentar e apostar no mercado interno, de otimizar os recursos locais, de lutar contra o despovoamento e, simultaneamente, contra os incêndios e outras ameaças que nos tornam cada vez mais sensíveis aos eventos climatéricos extremos.
“É fundamental assumir que, apesar de todos os alertas e apoios de que a Região Autónoma da Madeira tem beneficiado, a estratégia regional de aplicação dos fundos não foi capaz de travar os problemas e fragilidades da agricultura regional, que, afinal, persistem e até se agravaram em alguns fatores, nomeadamente na adaptação e combate às alterações climáticas”, afirmou, nas Jornadas Parlamentares do PS, defendendo, por isso, que perante a emergência climática, é necessário “atuarmos de forma transversal e utilizarmos todos os instrumentos ao nosso alcance para reduzirmos a nossa pegada”.
Na ótica de Sílvia Silva, o desenvolvimento da Madeira não pode ser encarado isoladamente, à margem dos desafios globais e das vulnerabilidades do território em que está inserido. A solução, diz, passa por assumir a importância das explorações agrícolas, florestais e pecuárias, a relevância das suas funções, o valor dos seus ativos e encontrar formas de as modernizar e as integrar no desenvolvimento que se pretende para o território. Segundo a deputada socialista, a estratégia agrícola regional deverá estar devidamente consciente e enquadrada nos desafios que nos são colocados atualmente, como o despovoamento dos concelhos rurais, as alterações climáticas, a falta de água, as disrupções económicas e sociais que atravessamos, a possibilidade de escassez alimentar global, o aumento do preço dos fatores de produção e a eventual rutura dos canais de comercialização de longa distância, mas tendo sempre em conta a aptidão, a vocação, os objetivos dos produtores e as caraterísticas estruturais que lhes são próprias, sem tentar uniformizar ou padronizar modelos distintos.
“É preciso adotar políticas públicas que promovam o aumento da produção agrícola sustentável, privilegiando a relação entre a alimentação, o ambiente e a saúde”, sustentou, defendendo a aposta na agricultura biológica, no uso cuidado do solo, na promoção da agricultura urbana e ocupação produtiva do espaço periurbano, como forma de aumentar a resiliência e segurança das cidades. Combater o desperdício alimentar, intensificar os circuitos curtos de comercialização, aumentar as zonas verdes funcionais, promover o ciclo curto da água, a conservação dinâmica da natureza, as atividades tradicionais como o pastoreio, a sustentabilidade ambiental e a valorização da produção regional são outros desideratos apontados.