Apesar da crise económica que atravessamos, Paulo Cafôfo considera que este seria o momento certo para a implementação de reformas estruturais, mas constata que “não há vontade política” do Governo Regional para isso.
Em conferência de imprensa realizada por via eletrónica, o líder socialista apontou que a Região vai receber “muito dinheiro da União Europeia” e considerou que essas verbas deviam ser aplicadas já, para esbater o impacto negativo da pandemia.
Paulo Cafôfo lembrou que a Região tem tido um “péssimo desempenho” em termos económicos e sociais, adiantando que temos mais de 20 mil pessoas desempregadas e que o PIB regional sofreu uma quebra três vezes superior à do nacional. “Há aqui indicadores que nos devem levar a refletir se o caminho que tem sido seguido é o correto”, referiu.
Fazendo uma retrospetiva, o presidente do PS-M disse que a Região recebeu também muito dinheiro e que tem – e bem – infraestruturas modernas, mas acrescentou que temos uma economia promotora de desigualdades. “Por um lado, estamos a criar pobres e, por outro lado, a construir grandes riquezas. Há uma má distribuição da riqueza e isso é bem visível, porque temos uma economia clientelar, em que a iniciativa privada está muito dependente do poder político”, afirmou, frisando que é preciso libertar a iniciativa privada e criar oportunidades para todos. Cafôfo apontou ainda a crise no turismo, a dependência do exterior no que se refere ao setor primário, o despovoamento dos territórios mais a norte e a dificuldade em fixar os jovens e criar empregos qualificados.
Por isso, sublinhou que, apesar do contexto atual, este seria o momento adequado para “termos uma visão diferente” e lembrou que o PS tem apresentado diversas propostas nesse sentido, para termos uma Região preparada para o futuro.
“Precisamos de dar um apoio ao tecido empresarial, inovando e capacitando-o. Seria essencial que muitas verbas que nós vamos receber fossem para a capitalização das empresas, para a sua modernização e apostando em projetos e programas que sejam inovadores”, vincou, apontando por exemplo que, no âmbito da Economia do Mar, poderia ser criado um programa de aceleramento de incubadoras na área do ‘Shipping’, pois tal seria uma forma de criar empregos qualificados e de gerar riqueza.
Por outro lado, considerou que há que olhar para os setores da restauração, do comércio e da hotelaria, que atravessam momentos muito difíceis, salientando que os apoios a fundo perdido seriam essenciais (o PS propôs que 20% das verbas do Plano de Recuperação e Resiliência fossem alocadas para as empresas).
De acordo com Paulo Cafôfo, “não podemos continuar agarrados a uma propaganda de milhões que, efetivamente, não têm aplicabilidade e não chegam às empresas”. “Os apoios não estão a chegar e, mais do que propaganda, nós precisaríamos de ter uma efetivação dos mesmos, com uma estratégia para podermos mudar o paradigma que temos do nosso modelo de desenvolvimento e preparar a Madeira para o futuro”, vincou.