O Grupo Parlamentar do Partido Socialista deu entrada, na Assembleia Legislativa da Madeira, a um voto de protesto pelas declarações de governantes da Região aquando de visitas à Venezuela, por evidenciarem uma conivência com o regime ditatorial daquele país.
Dando conta dos atropelos à democracia, da violência e da repressão do regime venezuelano sobre o povo, onde se incluem muitos milhares de madeirenses e lusodescendentes, a deputada Elisa Seixas critica as posições inadmissíveis que têm sido tomadas pelos membros do Governo Regional que, nos últimos meses, têm efetuado deslocações àquele país da América Latina.
Como recorda, em maio passado, no decorrer de uma visita à Venezuela, foi o diretor regional das Comunidades e Cooperação Externa que decidiu “caucionar o regime” ao afirmar publica e oficialmente que «na Venezuela não falta nada». Mais recentemente, há duas semanas, também numa visita ao país, o secretário regional da Economia declarou que na Madeira temos uma imagem desatualizada da Venezuela, afirmando mesmo que «hoje o desenvolvimento da Venezuela, o estado em que está este país, é diferente da imagem que se tem do país».
Perante estas posições oficiais, Elisa Seixas considera que “fica claro o empenho do Governo Regional em branquear um regime que continua a violar diariamente os Direitos Humanos, conforme foi denunciado pela Amnistia Internacional em março deste ano”. “É de lamentar que os representantes do Governo Regional que têm visitado a Venezuela no último ano optem por branquear o regime e nem se atrevam a falar sobre as dificuldades por que passa uma grande maioria dos e das madeirenses radicados naquele país”, vinca a parlamentar, justificando o voto de protesto ao posicionamento dos governantes regionais que, em solo venezuelano, “se tornam coniventes com um regime ditatorial que oprime o país e viola os mais básicos Direitos Humanos a que a Região está comprometida a defender”.
O PS recorda que há mais de 20 anos que a Venezuela, destino preferencial de um vasto número de madeirenses desde pelo menos meados do Século XX, é governada por um regime ditatorial que, progressivamente, para além de aprofundar as desigualdades existentes no país, tem anulado todas as possibilidades de a democracia sobreviver, com a instalação de uma política de abolição dos mecanismos democráticos e de um sistema repressivo que faz uso excessivo da força contra os seus detratores com detenções arbitrárias, tortura, perseguições e maus-tratos.
Em resultado desta realidade, a ONU regista que o segundo maior grupo de pessoas refugiadas é oriundo da Venezuela, com quase 6 milhões de pessoas a abandonarem o país em 2021.
Segundo Elisa Seixas, na Assembleia Legislativa da Madeira – particularmente sensível à realidade venezuelana, na medida em que temos uma comunidade madeirense naquele país com sensivelmente cerca de 400 mil pessoas – os atropelos à democracia e à forma como o regime de Maduro votou a população da Venezuela à pobreza, à violência e à repressão têm sido inúmeras vezes debatidos por quase todas as forças políticas representadas. Mas, ao arrepio destas posições, o Governo Regional da Madeira tem, nos últimos meses, no âmbito das visitas que efetua àquele país, assumido “posições que se afiguram inadmissíveis”.