A gravidade do problema da toxicodependência, particularmente mais visível através do crescente consumo de substâncias psicoativas, é uma situação que exige uma abordagem diferenciada, razão pela qual o Partido Socialista insiste na necessidade de criação de uma comunidade terapêutica de reinserção social na Região.
Esta é uma medida que os socialistas já vêm defendendo há mais tempo e que continua a ser recusada pelo Governo Regional e pela maioria que o sustenta, mas o Grupo Parlamentar do PS garante que não desiste desta matéria.
Em conferência de imprensa realizada esta manhã, Rui Caetano considerou muito grave o problema das toxicodependências na Região e vincou a importância de apostar num tratamento e acompanhamento diferenciado dos toxicodependentes, fora do contexto hospitalar, dentro de uma comunidade terapêutica, com uma equipa multidisciplinar e técnicos especializados (psiquiatras, psicólogos, entre outros). Uma abordagem que, explicou não se restringiria apenas ao tratamento específico da pessoa, mas também à sua reintegração social e ao acompanhamento familiar.
O líder parlamentar do PS deu conta dos dados oficiais divulgados e que apontam que em 2021 houve cerca de 230 internamentos na Casa de Saúde de São João de Deus relacionados com as toxicodependências, 173 dos quais foram feitos de forma compulsiva. Conforme referiu, mais de 40% dos internamentos por questões de saúde graves nesta unidade têm a ver com os consumos destas substâncias, sendo o próprio Governo a confirmar que há jovens a consumirem misturas de diluente, pesticidas e veneno de ratos, “substâncias que são demasiado prejudiciais para a saúde” e que exigem que seja feita “uma prevenção maior, mas também um tratamento diferenciado e uma aposta noutro tipo de abordagem”.
Segundo Rui Caetano, o facto de na Região o consumo de substâncias psicoativas ser quatro vezes superior ao resto do país é grave e “não podemos continuar a adiar a intervenção que nós defendemos”. “Há mais de 20 anos que o PS defende a criação de uma comunidade terapêutica na RAM e há mais de 20 anos que o PSD continua a adiar e a considerar que não é uma abordagem que deverá ser feita”, lamentou.
O dirigente recordou que na última sessão legislativa o PS apresentou esta proposta no Parlamento, mas, apesar de a mesma ter subido a plenário com todos os requisitos que a comissão exigia, o PSD decidiu adiar sua a discussão.
“Mais uma vez, quiseram adiar e não quiseram resolver”, afirmou, acrescentando que o PS vai continuar a insistir nesta questão no início da próxima sessão legislativa. “Não aceitamos que o Governo Regional continue a adiar uma intervenção diferenciada e continue a impedir a discussão daquilo que nós consideramos que é essencial e que é importante. Temos jovens desesperados que querem outro tipo de tratamento, temos famílias desesperadas que precisam que alguém as ajude e o Governo Regional continua a adiar e a não intervir como devia de intervir, de uma forma assertiva e concreta”, concluiu.