Numa altura em que se assinalam os 60 anos da Revolta da Águas na Ponta do Sol (a 21 de agosto), o Partido Socialista presta homenagem a todos aqueles que, em 1962, lutaram frente ao regime opressor, num episódio que simboliza, indelevelmente, a força e resiliência do povo ponta-solense.
Como forma de reconhecimento, os socialistas irão apresentar publicamente dois votos de louvor, respetivamente em sede da Assembleia Municipal da Ponta do Sol e da Assembleia Legislativa da Madeira.
Como reza a história, a 6 de maio de 1962, perante a insistência das autoridades em desviar a água da Levada do Moinho, que abastecia a Lombada e o Lugar de Baixo, a população organizou-se e decidiu passar a fazer guarda no Cabo da Levada, de dia e de noite, de modo a zelar pelo acesso à sua água, essencial para a comunidade, que tirava da agricultura o seu sustento. Posteriormente, a 21 de agosto de 1962, após 3 meses de resistência e luta pelo direito à água de rega, os populares foram surpreendidos no Cabo da Levada por um forte contingente policial, que avançou com violência, resultando em vários feridos, em inúmeras detenções de mulheres e homens e no assassinato a tiro de Sãozinha (Belmira da Conceição Gonçalves).
Tendo em conta estes acontecimentos, o deputado Carlos Coelho explica que este voto pretende preservar a memória desta efeméride e “homenagear estes notáveis lutadores ponta-solenses, que, com grande heroísmo e sofrimento, tudo fizeram pela defesa dos direitos da comunidade, frente a um regime opressor”.
Além de evocar a memória daqueles que, de forma abnegada, protagonizaram a Revolta das Águas, Carlos Coelho acrescenta que este reconhecimento constitui, igualmente, um tributo a todos aqueles que, ainda nos nossos dias, num mundo dito mais evoluído, lutam contra todo e qualquer tipo de autoritarismo que ameace, direta ou indiretamente, os direitos, liberdades e garantias dos cidadãos.