O Partido Socialista exige que o Governo Regional e a Câmara Municipal da Ribeira Brava venham a público esclarecer a população acerca da recente decisão do Executivo de tomar posse administrativa do Calhau da Lapa, invocando que este espaço na freguesia do Campanário integra o Domínio Público Marítimo.
Com esta decisão, foram considerados ilegais e nulos todos os atos praticados naquele local, designadamente o uso das grutas e dos edifícios ali existentes para fins comerciais e para alojamento local, sendo também interditado o acesso ao local por uma questão de segurança, já que a escarpa apresenta sinais de instabilidade. Olga Fernandes, deputada à Assembleia Legislativa da Madeira e vereadora na Câmara Municipal da Ribeira Brava, dá conta da preocupação da população em relação à possibilidade de poder, ou não, continuar a usufruir deste espaço, razão pela qual considera necessário que haja um esclarecimento por parte das entidades governativas.
Perante as declarações do diretor regional do Ambiente e Alterações Climáticas de que tanto as grutas como os edifícios construídos no Calhau da Lapa são única e exclusivamente património do Estado, mas que serão possíveis “determinados usos em determinadas condições”, desde que cumpram com o estabelecido na Lei da Água e regulamentação acessória e nos planos municipais de ordenamento do território, Olga Fernandes questiona, afinal, o que se prevê para o local. “Que usos e condições são essas? Significa isto afinal que alguns podem ser ‘proprietários legítimos’ das suas grutas, até mesmo para fins comerciais? O que está reservado para o Calhau da Lapa?”, pergunta.
A socialista recorda que, há cerca de um ano, já tinha alertado para o facto de indivíduos estarem a fazer obras em grutas com a finalidade de comércio para alojamento local, mas que na altura a câmara municipal não atuou no sentido de pôr cobro a esta situação de ilegalidade. Agora, constata, o Governo tomou esta medida porque também os alegados herdeiros das grutas reclamaram da sua posse, mas sem que a autarquia nada tenha feito para os proteger.
Por outro lado, a vereadora socialista dá conta que, no passado dia 31 de maio, a edilidade interditou o acesso ao Calhau da Lapa pelo facto de o local “não reunir as necessárias condições de segurança”. Contudo, confrontada sobre a reabertura do espaço, a autarquia diz nada saber, uma vez que é necessário garantir a monitorização das fissuras na arriba, ampliadas pelo uso dos martelos pneumáticos que foram utilizados para aumentar as grutas.
Olga Fernandes adverte ainda que continua a utilização desregrada do espaço por parte dos turistas, já que não há qualquer barreira física nem informação em línguas estrangeiras a alertar para o seu encerramento e para o perigo.