O líder parlamentar do PS criticou, hoje, a falta de estratégia do Governo Regional em relação ao problema da pobreza, lembrando o facto de, durante anos, o Executivo ter sempre negado esta realidade na Região e só agora, já tardiamente, vir anunciar a realização de um estudo sobre este fenómeno.
Em conferência de imprensa realizada esta manhã, Rui Caetano garantiu que o PS concorda com a realização deste estudo, considerando que o mesmo é importante para conhecer a realidade social da Região Autónoma da Madeira, bem como para conhecer os contextos, os fatores e a evolução da pobreza, de modo a que seja possível intervir de forma adequada e retirar as pessoas desta situação. “Esse estudo é fundamental, mas quem, ao longo de todos estes anos, sempre negou a existência de pobreza na Região foram o Governo Regional e os partidos da maioria”, referiu o dirigente socialista, sublinhando que este diagnóstico “já devia ter sido feito há muitos anos, para fazer com que aqueles 83 mil madeirenses que estão em risco de pobreza e exclusão social pudessem sair desta situação dramática em que se encontram”.
No entender de Rui Caetano, isto é revelador do “ziguezague” e da “teoria da negação” do Executivo, já que, há cerca de um mês, “o Governo apresentou uma Estratégia Regional de combate à Pobreza e só depois da apresentação da estratégia é que vai realizar o estudo”. Ou seja, a estratégia será desenvolvida sobre uma realidade que o Governo Regional não conhece como deveria conhecer, sendo que o mesmo “vai intervir de uma forma não estruturada, coordenada e adequada, como o estudo naturalmente poderá vir a revelar”. Este é, como vincou, o exemplo do “ziguezague” e da “falta de uma visão estratégica” do Executivo.
Por outro lado, Rui Caetano não deixou também de alertar para o empobrecimento progressivo da classe média. “É necessário um conjunto de medidas políticas eficazes e imediatas para ajudar esta classe média que está cada vez mais próxima – e alguma dela a entrar – do limiar da pobreza. É preciso intervir, em vez de propagandear um conjunto de medidas que não vêm resolver em nada o problema destas pessoas”, afirmou o presidente do Grupo Parlamentar do PS, dando conta das dificuldades que as mesmas, apesar de terem um salário no final do mês, estão a sentir com o aumento da inflação e das taxas de juro.
“Este Orçamento Regional não tem uma única medida para apoiar estas famílias”, afirmou o deputado, acusando o Governo de negar o empobrecimento da classe média e de não implementar soluções para valorizar os salários dos madeirenses. “Este orçamento é uma desilusão e prova a estratégia do Governo Regional, que foi o endividamento constante da Região”, sustentou, dando conta do facto de a dívida da Região ser de mais de 5 mil milhões de euros e de, só no próximo ano, o documento reservar mais de 400 milhões de euros para pagamento da mesma.
Adiantou ainda que o PS está a preparar um conjunto de propostas para colmatar as áreas que estão a ser desvalorizadas neste orçamento, nomeadamente no que se refere ao apoio aos mais vulneráveis e à classe média, bem como nos setores da educação, da saúde e da economia.