O Grupo Parlamentar do Partido Socialista manifestou, hoje, a sua preocupação em relação às cada vez maiores dificuldades verificadas no acesso aos cuidados de saúde na Região.
Em conferência de imprensa realizada esta manhã, referindo-se aos cuidados programados, o deputado Élvio Jesus apontou a persistência de “longas e demoradas listas de espera”, alertando para o facto de, uma vez lá colocados, os utentes “nem fazerem ideia do que lhes irá acontecer”. “Isto é inaceitável. A pessoa, uma vez identificado um problema ou necessidade de cuidados, tem o direito de ser informada do tempo em que lá irá permanecer, assim como deve ser-lhe garantida a assistência necessária e saber exatamente a quem e onde acorrer em caso de agravamento da sua condição. Não pode permanecer meses ou anos com dor ou qualquer outra limitação eternamente à espera”, afirmou o parlamentar.
Élvio Jesus deu conta que o mesmo acontece em relação aos utentes que são acometidos de doença súbita, que não sabem onde nem a quem facilmente se dirigir se a situação não for clara e emergente. Revelou igualmente que o atraso no socorro, por falta de ambulâncias, tem-se agravado e que a linha SRS24 tarda em ser alargada, apesar da resolução aprovada por unanimidade na Assembleia Legislativa da Madeira.
A um outro nível, o deputado do PS referiu que o acesso a cuidados médicos nos centros de saúde “está muito dificultado e confinado praticamente às manhãs dos dias de semana”, restando a estes utentes apenas os serviços de urgência, ou o recurso ao privado, com uma clara penalização da classe média e dos menos favorecidos. “Trocaram-se consultas por urgências, o que, em saúde é, no mínimo, desaconselhável”, criticou, alertando que esta situação, além de prejudicar muitas pessoas, não é, do ponto de vista da segurança, desejável, eficiente ou eficaz.
Perante esta realidade, Élvio Jesus chamou a atenção para o facto de já estarmos com números de afluência aos serviços de urgência superiores aos do período pré-pandemia, com internamentos mais tardios, mais graves e prolongados, com maiores dificuldades na recuperação dos utentes e no seu regresso a casa, já que “o desinvestimento nos cuidados continuados de curta e média duração tem sido uma constante desta governação”.
O parlamentar socialista considerou ainda preocupante o crescente excesso de mortalidade geral, que na Madeira “assume proporções deveras elevadas, indo já a caminho das 400 pessoas este ano, o que é seis vezes mais o excesso verificado no ano anterior”. Isto a par do “crónico descalabro” em relação à coordenação e continuidade de cuidados, ao tratamento, à reabilitação e à reintegração social dos doentes portadores de problemas do foro mental.