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PS dá ‘receita’ para reduzir afluência às urgências e melhorar a prestação de cuidados

Preocupado com o excesso de afluência que se tem vindo a verificar nos últimos tempos nos serviços de urgências da Região, com particular destaque para o do Hospital Doutor Nélio Mendonça, o Partido Socialista-Madeira propõe um conjunto de soluções para inverter esta situação.

Os socialistas deram entrada na Assembleia Legislativa da Madeira a um projeto de resolução que, conforme explica Sérgio Gonçalves, recomenda ao Governo Regional a implementação de medidas com vista a reduzir a afluência de utentes e promover a melhoria das condições de prestação e receção de cuidados nos serviços de urgência da Região Autónoma da Madeira.

O presidente do PS-M alerta para os cenários de sobrelotação do serviço de urgências do hospital, devido ao grande fluxo de doentes, com os corredores cheios e os utentes amontoados em macas e cadeiras, gerando constrangimentos nos atendimentos e fazendo com que muitas pessoas acabem por esperar mais do que o habitual para serem atendidas. “Esta é uma situação que não pode continuar. Não podemos permitir que o direito e o acesso das pessoas aos cuidados de saúde continuem a ser afetados desta forma, quando há soluções que podem ser implementadas e que o Governo Regional continua a desvalorizar”, afirma Sérgio Gonçalves.

O PS explica que o Serviço de Saúde da Região constitui a tipologia de unidade de saúde que melhores condições oferece para uma completa integração de níveis de cuidados, para uma maior eficiência e agilidade na afetação dos recursos e para uma maior efetividade das intervenções.

Deste modo, prossegue o líder socialista, o SESARAM possui todas as condições para direcionar esses recursos, preferencialmente para Cuidados de Saúde Primários mais resolutivos, acessíveis e de proximidade, evitando o recurso aos cuidados hospitalares, quer na vertente internamento, urgências ou serviços ambulatórios. No entanto, constata que a realidade continua a ser um pouco diferente, atendendo ao número de internamentos e à excessiva afluência ao serviço de urgência do Hospital, assim como os habituais constrangimentos no seu funcionamento, designadamente a dificuldade de ‘escoamento’ de utentes para as unidades de internamento ou no regresso destes a suas casas. Uma situação que, alerta Sérgio Gonçalves, se pode agravar com as obras que se perspetivam para este serviço e com a época de Inverno, como se vê.

Os socialistas dão conta que, entre as medidas internacionalmente aconselhadas para minimizar esta problemática, encontram-se o recurso à utilização das tecnologias digitais, a criação de centros de encaminhamento de doentes e a implementação da figura do ‘gestor de caso’. “Uma resposta organizacional que passe pela presença de gestores de doentes com elevado risco clínico e financeiro permite alcançar uma redução da utilização dos cuidados hospitalares, nomeadamente a diminuição do número de internamentos desnecessários ou tardios, a redução da demora média, o decréscimo da recorrência à urgência e até mesmo da necessidade de cuidados continuados”, refere o PS.

Assim, e sem prejuízo do necessário alargamento do horário para atendimento médico nos centros de saúde do Funchal e concelhos limítrofes, os socialistas recomendam ao Governo Regional uma série de medidas, entre as quais a criação de um espaço próprio para atendimento dos utentes triados com as cores verde, azul e branco, que estejam conscientes, sejam funcionalmente independentes ou possuam níveis ligeiros de perturbação da mobilidade, a otimização da rede regional de urgências, com recurso à Medicina Interna e à ‘Teleurgência’, bem como a caraterização e sinalização dos utentes que mais frequentam o Serviço de Urgência Central, com múltiplas condições crónicas e necessidades complexas e de maior consumo de recursos.

Além disso, o PS defende a criação do conceito ‘Gestor de Caso’, consistindo num profissional (médico ou, preferencialmente, enfermeiro-especialista) que acompanha individualmente estas pessoas, a implementação da figura do ‘Gestor de Camas’ e o reforço eficiente e efetivo de profissionais. O projeto de resolução socialista preconiza ainda a criação de um Centro de Contacto do Serviço Regional de Saúde, em articulação com o Centro de Triagem e Aconselhamento Telefónico da Proteção Civil da Madeira, à semelhança do SNS 24 e do CODU do INEM, ou da Linha de Saúde Açores (alargamento da Linha SRS 24), bem como a tomada de outras medidas que agilizem o regresso a casa dos doentes aquando da ida ao Serviço de Urgência Central, nomeadamente facilitando transportes e reforçando os cuidados domiciliários de saúde e sociais.