O candidato do Partido Socialista à presidência da Câmara Municipal do Funchal alerta para o elevado risco de incêndio nas zonas sobranceiras à cidade, reafirmando o seu apoio ao pastoreio como medida complementar de ordenamento do território e de redução da carga combustível.
Rui Caetano, que hoje participou nas tosquias, nas serras de Santo António, lembrou a magnitude dos incêndios de 2016 e mostrou-se apreensivo com o facto de, agora, o risco ser ainda maior. “As áreas sobranceiras ao Funchal estão um autêntico barril de pólvora e o clima não deverá dar tréguas. Ainda agora começou o tempo quente e já se sente um calor abrasador e os ventos são cada vez mais intensos. Estou seriamente preocupado com o risco de incêndio sobre o Funchal”, afirmou.
O candidato socialista não esconde a preocupação com o aumento descontrolado do mato e das plantas invasoras nas zonas a montante da cidade, na qual se concentra a maior parte da população madeirense. “Toda a serra sobre o Funchal está amarela devido à floração da giesta e carqueja”, disse, alertando que “onde os turistas veem motivo para fotografar, nós vemos o perigo à espreita”. Como constatou, os aceiros estão cobertos de mato, as infraestruturas para abastecimento de água pelo helicóptero de combate a incêndios estão danificadas e as estradas rodoviárias estão quase intransitáveis devido à vegetação que galga para a via. Perante esta situação, muitos dos investimentos que foram efetuados em anos anteriores, como as limpezas e as reflorestações, praticamente desapareceram. “São milhões e milhões de euros de apoios comunitários destinados à segurança das nossas serras que arderam sem se ver”, criticou.
Rui Caetano lamenta que se continue a insistir num modelo que não tem mostrado resultados, estando à vista de todos que “a Madeira perdeu a batalha contra as invasoras”, com as consequências que isso representa em termos de risco de incêndio e de insegurança para o território e para as pessoas.
Lamentou que, por teimosia, o Governo e as autarquias locais com área florestal ao seu cuidado, como é o Funchal, não recorram ao pastoreio em zonas periurbanas, explicando que esta atividade deve ser entendida como uma medida eficaz e de baixo custo de redução da carga combustível e de gestão ativa do território, como acontece em todo o mundo.
“O pastoreio não é uma panaceia para todos os males, mas é, com certeza, uma atividade económica que não deve ser descurada, quando todas as outras medidas de ocupação do território falharam”, considerou.
O candidato do PS esclarece que aquilo que defende não é o pastoreio de antigamente, com os animais soltos na serra. “Queremos um modelo de pastoreio dirigido à prevenção de incêndios, que promova o mosaico de paisagem e a segurança do território, e isso pode ser feito pelas autarquias investindo em pessoal qualificado, com formação específica em pastoreio dirigido, como tantos projetos de sucesso que já existem em diversos municípios portugueses”, disse ainda Rui Caetano, recusando a designação de pastoreio controlado usada pelo Governo Regional, que mais não é do que uma desculpa para “dizer que o pastoreio já existe, quando, afinal, não passa de um rebanho ou dois, sem qualquer objetivo, apoiados financeiramente pelo Governo para mantê-los sob controlo e proibir todos os outros”.