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PS acusa Governo Regional de negligenciar a atividade pecuária

O presidente do PS Madeira acusa o Governo Regional de negligenciar a atividade pecuária, o que está a levar ao crescente abandono de um setor que poderia contribuir para aumentar a soberania alimentar da Região.

Sérgio Gonçalves, que esta tarde visitou a Expo Pecuária, que decorre na freguesia de Ponta Delgada, destacou a importância da produção animal regional, mas lamentou que não haja da parte do Executivo madeirense uma vontade efetiva de relançar este setor.

“Não existe uma estratégia, não existe um plano de ação para promover a pecuária regional ou os benefícios que poderia trazer, talvez porque nem o próprio Governo Regional entenda a sua importância, a julgar pela forma como o executivo de Miguel Albuquerque tem negligenciado este setor”, afirmou o líder dos socialistas.

Conforme deu conta, o abandono da atividade pecuária verificado ao longo dos anos, devido aos constrangimentos e imposições legais demasiado restritivas na Madeira, deu origem a um sistema agrícola muito dependente de fatores de produção importados, que já vinha perdendo rentabilidade e que agora, num cenário de crise, com o aumento do custo das matérias-primas e com a desvalorização da produção regional, deixa de ser viável e está a provocar o aumento do número de agricultores que abandonam a atividade.

Na ótica do PS, não faz sentido apostar apenas na produção de aves de capoeira – espécies totalmente dependentes do consumo de rações importadas ou à base de cereais importados cada vez mais caros – quando existem tantos terrenos ao abandono, subaproveitados ou ocupados por vegetação infestante, que poderiam servir para o pastoreio de animais, como os bovinos, os ovinos e os caprinos produzidos em modelos de baixo consumo e baixo impacto.

Entendem os socialistas que o primeiro passo para não deixar morrer a pecuária na Madeira é reconhecer o potencial dos seus produtos para o desenvolvimento económico e social da Região, sobretudo nos concelhos rurais que sofrem de desertificação e despovoamento, e valorizar os serviços públicos que a produção animal pode providenciar. Como referiu Sérgio Gonçalves, a solução deve passar pelo apoio à implementação de sistemas produtivos e rentáveis, baseados em baixos consumos energéticos, devendo ser dada prioridade a espécies herbívoras, como os ovinos, os caprinos e os bovinos, fundamentais no aproveitamento e controlo de matos.

“É fundamental reinvestir na produção animal, culturalmente consagrada na nossa história, através da qual foi possível obter a matéria orgânica que garantiu a sanidade e a fertilidade dos solos produtivos e promover a ocupação sustentada do território agora abandonado, divulgando os benefícios da produção regional de carne de qualidade, de criação em liberdade e alimentada com recursos locais”, sustentou o presidente do PS Madeira.

O responsável vincou que a pecuária pode contribuir para a soberania alimentar da Região e das famílias que a praticam, não só através da produção direta de alimentos para comercialização e autoconsumo, mas também pela possibilidade de tornar a agricultura menos dependente de fatores de produção externos e mais produtiva.

A promoção da pecuária extensiva e a criação de apoios para a silvo-pastorícia, com incentivos por área pastoreada e limpa de invasoras, é outra das ideias defendidas pelo PS, como forma de prevenir incêndios.