O PS-Madeira condenou, hoje, a postura chantagista que o presidente do Governo Regional tem vindo a assumir, tentando enganar os madeirenses ao dizer que a Madeira vai parar pelo facto de o Orçamento não ter sido aprovado.
Em conferência de imprensa, na véspera da discussão e votação da moção de censura, Paulo Cafôfo considerou “vergonhoso” que Miguel Albuquerque use o cargo de presidente do Governo e eventos institucionais para fazer “comícios político-partidários”. “Qualquer evento em que Miguel Albuquerque participe, parece que estamos num comício do PSD e isto não é admissível”, disse o líder socialista, criticando que Albuquerque não distinga a função de presidente do Governo da de líder partidário.
Denunciando as mentiras do chefe do Executivo, o presidente do PS-M esclareceu que as obras só irão parar se o presidente do Governo e o Governo as mandarem parar e sabotarem a Região. Como explicou, as obras estão inscritas, têm um caráter plurianual e, como tal, não podem parar por não haver orçamento. “Isso é enganar, é mentir aos madeirenses”, vincou.
Cafôfo salientou também que os funcionários públicos terão a sua valorização salarial, como, aliás, já veio a público dizer o Sindicato dos Trabalhadores da Administração Pública, e que o salário mínimo será aumentado, lembrando que o acréscimo para vigorar a partir de janeiro já foi aprovado na passada semana, já depois do chumbo do orçamento.
“Há aqui mentiras, chantagem e sabotagem”, denunciou o líder dos socialistas, acrescentando que Miguel Albuquerque procura instrumentalizar o facto de o orçamento ter sido chumbado para tirar dividendos político-partidários. “Nós não podemos estar nas mãos de um presidente do Governo que usa a chantagem só para benefício e interesse pessoal”, sublinhou, apelando aos madeirenses para que “não tenham medo de mudar este Governo” e “não se deixem levar nas falácias e nas mentiras de Miguel Albuquerque”.
Ademais, constatou que Miguel Albuquerque agora diz-se muito preocupado com o orçamento para 2025, mas agendou o debate do orçamento de 2024 apenas para fevereiro, tendo-se demitido e impedido a sua discussão.
O facto é que o documento apenas foi aprovado em junho, mas os problemas mantiveram-se. “A situação da Madeira está pior do que estava antes”, apontou Paulo Cafôfo, dando conta que as listas de espera na saúde cresceram (um aumento de 85% na lista para cirurgias), que serão construídas menos 300 casas do que as prometidas e que a Madeira não consegue sair do fim da tabela das regiões mais pobres do país.
A outro nível, o presidente do PS-M referiu que este Governo, que amanhã tem a grande probabilidade de chegar ao fim, “nunca devia ter tido um princípio”, recordando que o PS sempre disse não ter confiança em Miguel Albuquerque e que o Executivo era muito precário, sendo que, com os acordos feitos, nomeadamente com o Chega, este desfecho era previsível.
Paulo Cafôfo reagiu ainda ao facto de o Executivo, nas vésperas de chegar ao fim e com o presidente e mais de metade dos seus elementos arguidos por suspeitas de corrupção, resolver criar um gabinete de prevenção da corrupção. “Estou certo que os madeirenses não se vão deixar enganar por esta manobra do Governo de criar este gabinete, como se isso branqueasse os processos judiciais e os crimes pelos quais o presidente do Governo e os secretários regionais estão indiciados”, rematou.