Numa intervenção no Parlamento, a socialista começou por lembrar que o teletrabalho já está legislado desde 2003, tendo-se tornado uma realidade por via da pandemia que atualmente vivemos. Tal como sustentou, tratava-se de uma possibilidade que estava latente, sendo «quase uma miragem» para cidadãos que expressavam vontade de usar este instrumento disponível na legislação laboral portuguesa como um meio de flexibilização da sua agenda de trabalho.
Desde março, o teletrabalho tornou-se uma ferramenta efetiva ao dispor das pessoas no seu contexto de trabalho. Se, por um lado, trouxe desigualdades para determinados contextos sócio-económicos, de atividade e conteúdo laboral, de género (sobrecarregando as mulheres) e isolamento, por outro, também trouxe oportunidades para algumas pessoas mais vulneráveis, como os cidadãos portadores de incapacidade ou deficiência, pais e mães de crianças e jovens com deficiência, cuidadores informais ou aqueles que necessitam de fazer longas distâncias entre as suas residências e os seus locais de trabalho.
Neste sentido, e no que se refere à revisão da regulamentação e continuidade do teletrabalho, Marta Freitas entende que há que olhar para a questão num todo e encontrar um equilíbrio.
«Debater o teletrabalho é olhar às desigualdades, rever e corrigir, mas é também retirar o que de positivo trouxe esta possibilidade, que abre portas a uma qualidade de vida e a sentimento de realização para um grupo de portuguesas e portugueses, que também desejam ser representados nesta Assembleia», sustentou a deputada socialista.
A parlamentar explicou que o teletrabalho não se limita ao cenário de cingir alguém à sua casa e que permite excercer atividade em centros de multimédia, em espaços de partilha (como os coworks, promovendo novos contactos) ou em qualquer lugar onde os acessos possam até potenciar a motivação do trabalhador, refletindo-se positivamente na sua produtividade. «Um bom trabalhador será sempre um bom trabalhador em qualquer lugar, desde que lhe sejam dadas condições e que se sinta motivado», sublinhou, acrescentando que o teletrabalho também possibilita o exercício de uma atividade em qualquer parte do país (centros, interior, Regiões Autónomas), criando assim novas e mais oportunidades de emprego.
Marta Freitas referiu ainda que o Livro Verde do Futuro de Trabalho, a ser desenvolvido pelo Governo, servirá de base para a reflexão desta temática do teletrabalho, quer numa perspetiva dos tempos de pandemia em que vivemos, quer atendendo ao progresso tecnológico, aos desenvolvimentos das tecnologias da informação e da comunicação e à expansão das plataformas digitais, que estão a transformar rapidamente o trabalho tal como o conhecemos.
«Que juntos – partidos, Governo, parceiros sociais, cidadãos – possamos ver este debate sobre o teletrabalho como uma oportunidade de reflexão e de colocar todas as variáveis à discussão em cima da mesa, para que se encontre uma solução equilibrada e inclusiva», rematou.