Jacinto Serrão, deputado do Partido Socialista à Assembleia Legislativa da Madeira, afirmou hoje que os madeirenses continuam a ser fortemente penalizados devido à irresponsabilidade e à má gestão do dinheiro público por parte do Governo Regional.
O parlamentar, que foi o orador principal numa iniciativa subordinada à temática das Contas Públicas, que decorreu esta tarde em Santa Cruz, no âmbito da ‘Academia do PS – Madeira’, recuou uma década, até ao momento em que a dívida oculta de 6.3 mil milhões de euros colocou a Região em falência e obrigou à assinatura do plano de resgate, que impôs uma dupla austeridade sobre os madeirenses e porto-santenses.
“Dez anos volvidos, a Madeira continua com um nível de endividamento gritante e pagou apenas 10% da dívida. Continuamos com uma dívida de 5.7 mil milhões de euros e uma carga fiscal acrescida há mais de 10 anos em mais de 30%”, disse, acrescentando que “os madeirenses continuam a pagar uma pesada fatura pelas irresponsabilidades da governação e da má gestão do dinheiro público”.
Jacinto Serrão denunciou que esta dívida foi contraída para financiar muitos projetos e investimentos que “não tiveram serventia nenhuma para o bem público”. Pelo contrário, disse que os “elefantes brancos que pululam pela Região” e que sorveram milhões e milhões de euros são inúteis e trouxeram um custo social elevadíssimo, com danos à economia e ao ambiente. Como afirmou, muitos investimentos “não vieram para maximizar o benefício social no seu todo, mas sim para maximizar o benefício privado e de determinadas clientelas que gravitam à volta desta governação na Região Autónoma da Madeira”. “Por isso é que as contas públicas apresentam estes níveis dramáticos que colocam em causa o processo de governação e de sustentabilidade do desenvolvimento”, reparou.
O deputado do PS apontou também o facto de, mesmo com abundantes recursos decorrentes de verbas da União Europeia, do Estado e dos impostos dos contribuintes da Região, a Madeira ter dos piores indicadores de desenvolvimento do País. A título de exemplo referiu a mais alta taxa de risco de pobreza e exclusão social e o menor poder de compra do País, o risco de sustentabilidade dos setores tradicionais da nossa economia e do ambiente, tudo “devido à má política que foi implementada”. Para além disso, afirmou que as políticas socialmente repulsivas desta governação acabaram por “expulsar” jovens e famílias da Região, por não terem cá oportunidades de trabalho nem qualidade de vida. De acordo com o socialista, verifica-se um aumento gritante das assimetrias sociais, o que atesta um “fracasso total” da governação do PSD, agora também com o CDS.
“Estamos na presença de uma má moeda que governa a Madeira há muito tempo, que precisa de ser substituída por uma boa moeda”, sustentou Jacinto Serrão, vincando que o PS tem apresentado uma alternativa credível na figura do seu líder, Sérgio Gonçalves, com um modelo de desenvolvimento económico que resolva os graves problemas financeiros, que devolva rendimentos às famílias e condições para que a economia possa ser competitiva e reprodutiva. “Só assim é que vamos garantir sustentabilidade no processo de desenvolvimento, esbater as desigualdades sociais, melhorar a qualidade de vida e tornar a Madeira numa Região atrativa para as pessoas que aqui nascem”, rematou.