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Limpeza dos terrenos dos Marmeleiros nada tem de inovador, apenas prova o fracasso do Governo na gestão florestal

“O projeto de limpeza dos terrenos anexos ao Hospital dois Marmeleiros, ontem apresentado como inovador pela secretária regional da Saúde e Proteção Civil, não tem nada de inovador. É, sim, uma prova do fracasso do Governo Regional em matéria de gestão florestal”.

Quem o afirma é a deputada socialista Sílvia Silva, que lembra os repetidos anúncios feitos pelo Executivo neste âmbito desde 2018, com resultados que deveriam “envergonhar” o próprio Governo. “Depois de anos sucessivos a gastar dinheiros públicos na limpeza dos mesmos terrenos, inovador seria obter resultados visíveis depois do investimento, com árvores vivas depois de passado um ano das plantações, com a ocupação do solo por culturas produtivas e rentáveis, em vez de o deixar sistematicamente ao abandono para voltar a crescer mato, ou até um parque de estacionamento gratuito, adaptado aos desafios ambientais e climáticos, com baixa impermeabilização e com árvores para manter o espaço fresco e resiliente, respondendo a uma necessidade das pessoas que visitam os seus familiares naquela unidade de saúde”, refere a parlamentar.

Ontem, na visita que efetuou aos terrenos, Micaela Freitas foi mostrar uma intervenção de desmatação que custou mais de 16 mil euros por hectare, anunciando um alegado projeto inovador de silvicultura, que, como constata o PS, “já foi anunciado e pago várias vezes desde 2018” e cujos resultados demonstram o fracasso da gestão florestal regional conduzida pelo Instituto de Florestas e Conservação da Natureza, organismo que, de acordo com a governante, volta a colaborar nesta iniciativa que vem repetindo há vários anos, sem sucesso.

A deputada Sílvia Silva recorda que, em julho de 2018, a secretária regional do Ambiente anunciou uma intervenção de limpeza e reflorestação numa área de 42 mil metros quadrados, circundante ao Centro de Saúde do Monte e Hospital dos Marmeleiros, com o mesmo objetivo de reduzir a carga combustível e o risco de incêndio. Nessa altura, Susana Prada referiu que os resultados do investimento de 100 mil euros seriam visíveis na primavera seguinte, mas o que se viu foi o crescimento descontrolado das invasoras, que, desde então, ano após ano, voltaram a dominar o espaço, sem que tivesse sobrevivido uma única árvore desse projeto financiado com dinheiros públicos. Algo que, aliás, é já a norma em praticamente todos os projetos de reflorestação que o Governo Regional anuncia e os contribuintes madeirenses pagam.

Para a parlamentar socialista, os registos das intervenções e a evolução da vegetação invasora, que todos os anos pode ser observada por qualquer pessoa que circule junto ao hospital dos Marmeleiros, demonstra a falta de tecnicidade do Governo Regional para a gestão florestal e a sua incapacidade para encontrar soluções economicamente viáveis que permitam a manutenção e otimização do espaço de forma sustentada e permanente. “O que se verifica é que, quase todos os anos, a mesma área é limpa e contabilizada para a estatística dos terrenos intervencionados pelo Governo Regional e que, de vez em quando, existe um governante que se lembra de o anunciar como um “projeto inovador” ou um serviço público de segurança que o Governo nos presta, quando, na verdade, só vem provar a ineficiência dos sucessivos executivos PSD no ordenamento do nosso território e na gestão dos dinheiros públicos”, reforça.

Perante mais este exemplo de propaganda governativa, os socialistas questionam o Executivo qual o valor do investimento público realizado na limpeza dos terrenos circundantes ao hospital dos Marmeleiros desde 2018 e quais os resultados, assim como quais as dificuldades de intervenção nesta área, perto de estrada, que justifiquem um valor de limpeza florestal por hectare cinco vezes superior ao praticado no continente. “Se o Governo Regional, em mais de meia dúzia de anos de investimento avultado, não consegue obter bons resultados de reflorestação em cerca de cinco hectares, facilmente acessíveis e infraestruturados, como estará a restante superfície florestal da Região?”, conjetura a deputada do PS.

Por outro lado, se, apesar dos investimentos, o Governo Regional não tem exemplos viáveis de gestão florestal para mostrar, a parlamentar pergunta como conseguirá incentivar os proprietários privados a se envolverem na gestão ativa da floresta e a tomarem parte neste serviço público de manter o território mais resiliente aos incêndios, sobretudo se lhes é negada uma série de atividades que poderiam praticar para rentabilizar os seus terrenos. “Não seria tão mais fácil e útil envolver a população? Integrar as suas atividades? Garantir ao mesmo tempo mais oportunidades de emprego?”, indaga Sílvia Silva, voltando a sugerir, por exemplo, a abertura ao pastoreio ou a concessão da exploração do terreno, de modo a produzir alimentos, nomeadamente para fornecer o hospital.