“Se dúvidas ainda houvesse, a audição à ministra da Administração Interna veio confirmar que o Governo Regional foi o único responsável pelo atraso no reforço de meios de combate aos incêndios que deflagraram na Madeira no passado mês de agosto”.
Quem o afirma é Miguel Iglésias, deputado do PS-Madeira à Assembleia da República, que esta manhã participou na audição a Margarida Blasco, requerida pelo Grupo Parlamentar do PS para averiguar a gestão política dos meios de proteção civil no combate aos incêndios que destruíram mais de cinco mil hectares de área agrícola e florestal em quatro concelhos da ilha da Madeira.
Na ocasião, a ministra da Administração Interna esclareceu que, desde o dia 14 de agosto, o Governo da República manifestou a disponibilidade para apoiar a Região e que, no dia 15, o Governo Regional transmitiu que “não seriam necessários reforços e que estava tudo controlado”. Uma afirmação que, no entender de Miguel Iglésias, vem confirmar a “absoluta irresponsabilidade e negligência” do Executivo madeirense neste processo.
Como evidencia o parlamentar socialista, de acordo com o testemunho da ministra, as conclusões factuais da fita do tempo operacional e da intervenção da Autoridade Nacional e do Governo da República revelam que “a responsabilidade pelo rasto de destruição deixado ao longo de duas semanas por um incêndio quase imparável, com todos os prejuízos para a economia local e para o nosso património natural, é única e exclusivamente do Governo Regional”.
Miguel Iglésias destaca o facto de as declarações da governante com a pasta da Administração Interna confirmarem que todos os contactos foram totalmente articulados entre os Governos Regional e da República, o que, “mais uma vez, refuta a narrativa do PSD-Madeira de que o Governo nacional não teve qualquer intervenção e não seria necessário inquirir a tutela nacional na Assembleia da República sobre tudo o que aconteceu”.
Aliás, frisa o deputado do PS, a própria ministra da Administração Interna salientou que, desde o início, foi respeitada a Autonomia Regional e provida a possibilidade de ajuda, o que, uma vez mais, mostra que foi o Governo Regional e o PSD-Madeira a quererem “usar este argumento para justificar os erros cometidos na gestão política dos meios de combate aos incêndios”.
A um outro nível, Miguel Iglésias considerou grave o facto de a ministra ter fugido a algumas questões pertinentes, não dando qualquer resposta sobre se a Madeira deve ou não integrar o Plano Nacional de Gestão Integrada dos Fogos Rurais – recusado pelo Governo Regional –, nem se a Madeira já requereu formalmente o posicionamento de dois meios aéreos permanentemente na Região e se o Governo da República está disponível para financiar os mesmos. Algo que, refere, vem mostrar que, quando chega ao Governo, o PSD acaba por não cumprir as promessas feitas aos madeirenses.
O deputado socialista lembra ainda os testemunhos dados pelas entidades já ouvidas neste âmbito na Assembleia da República, que deram conta de que o combate inicial aos fogos na Madeira não foi o adequado. “Em consequência de tudo isto, tivemos mais de cinco mil hectares de área ardida, colocando em causa a floresta Laurissilva, património natural classificado da UNESCO, afetando centenas de agricultores e produtores florestais e de pecuária e obrigando dezenas de pessoas a deixarem as suas casas.