Com as obras do Hospital Central e Universitário da Madeira em curso, torna-se premente que o Governo Regional, através do Serviço de Saúde da Região Autónoma da Madeira (SESARAM), comece já a planear a contratação e formação de profissionais para integrarem esta nova infraestrutura hospitalar.
Este foi um dos assuntos que estiveram em cima da mesa numa reunião ocorrida ontem entre o Grupo Parlamentar do PS-M e a direção do Conselho Médico da Região da Ordem dos Médicos. Uma iniciativa que se inseriu no âmbito do “Roteiro de Audições e Diálogo Institucional”, ao abrigo do qual os socialistas têm vindo a visitar casas de saúde e instituições sociais na área da saúde e bem-estar e a auscultar sindicatos e ordens profissionais, com o intuito de conhecer as suas reivindicações e identificar os principais problemas sentidos no terreno.
A questão da contratação e formação de profissionais para integrarem o novo hospital, levantada pela Ordem dos Médicos, é algo que, como assinalou a deputada Sancha de Campanella, tem de ser criteriosa e atempadamente definida, para que, assim que a infraestrutura esteja concluída, possa entrar logo em pleno funcionamento e com resultados efetivos na melhoria dos cuidados prestados aos utentes. “Este é um processo moroso e exigente e que deve ser antecipadamente definido” advertiu a parlamentar, acrescentando que o Governo não pode esperar que o hospital esteja pronto para só então pensar nesta questão, e lembrando também que, segundo as perspetivas, cerca de 15% dos atuais profissionais deverão reformar-se em breve.
A um outro nível, deste encontro com a Ordem dos Médicos na Região saiu a confirmação de que a Saúde Pública tem condições ideais para tratar a doença, mas, como os socialistas têm vindo a alertar, padece de problemas crónicos de gestão, quer dos recursos humanos quer das próprias estruturas hospitalares.
A falta de médicos em algumas especialidades foi outra das preocupações abordadas, sendo exemplo disso a área da radiologia, que idealmente deveria ter 20 radiologistas, mas conta apenas com cinco. O reforço dos cuidados primários, com mais médicos de família, é outra das reivindicações.
Na sequência desta reunião, Sancha de Campanella deu igualmente conta da necessidade de motivar estes profissionais e tornar as carreiras mais atrativas (inclusive remuneratoriamente falando), de modo a que seja possível atingir uma maior produtividade. Na prática, é preciso otimizar recursos, quer humanos, quer materiais, para garantir esse avanço em termos de produtividade.
A questão da redução das listas de espera foi outro dos assuntos abordados, com a deputada socialista a reafirmar que tal só não acontece precisamente devido aos problemas de gestão dos recursos humanos, materiais e infraestruturais. Aliás, uma das preocupações avançadas pela Ordem é que a gestão das listas de espera seja feita por administrativos, sem instruções médicas. A necessidade de os diretores clínicos deverem ser eleitos pelos seus pares foi outro dos alertas deixados.
Por fim, os médicos apontam a importância de atualizar a convenção, tendo em conta que a última revisão já aconteceu há 12 anos, salientando, contudo, que o aumento do valor das consultas tem de ser proporcionalmente acompanhado da comparticipação ao utente.
De salientar que, no âmbito deste roteiro, o Grupo Parlamentar do PS já efetuou visitas às casas de saúde São João de Deus e Câmara Pestana e já se reuniu também com o Sindicato Independente dos Médicos.
Como explicou Sancha de Campanella, o conhecimento e os dados que vão sendo obtidos nestas iniciativas serão depois fundamentais para a elaboração e apresentação de propostas legislativas adequadas e eficazes, que vão ao encontro das necessidades da população e que respondam aos desafios que se colocam nestas áreas.