InícioAtualidade"FAZER A DIFERENÇA, OUVIR A SOCIEDADE"

“FAZER A DIFERENÇA, OUVIR A SOCIEDADE”

É isso que o PS tem feito, ouvir as pessoas.

Os Estados Gerais do PS-Madeira reúnem pensadores e gente comum. Podemos não concordar com tudo o que é dito, podemos estranhar determinadas opiniões, questionamos o que se faz por cá e por lá. Mas põe-nos a pensar, num exercício de adequar à nossa realidade o que é-nos mostrado, ou até mesmo cortar por completo com o que por cá se passa. Projetamos cenários. Pensamos.

No passado sábado, a cultura foi o tema em debate. Diferentes olhares sobre as definições de identidade cultural. A cultura define algo muito nosso. As nossas vivências, as nossas experiências, o nosso saber. O património cultural, material e imaterial, as tradições, os costumes. Tudo o que nos caracteriza enquanto povo de uma determinada região.

Pessoas de fora, pessoas de cá. Estudiosos, empreendedores e decisores. Um debate que serviu para demostrar como 40 anos de um poder único, uma única visão, castra-nos enquanto cidadãos. Muito se perdeu ao nível cultural. Foram vários os exemplos referidos. Tradições que simplesmente já não existem. Referi nesse debate o “cesto de giesta”, típico de São Martinho e que simplesmente desapareceu. Morreu há alguns anos o último artesão dessa arte, hoje, restam alguns exemplares no Museu Etnográfico do Funchal, perdeu-se património representativo de um povo. Os nossos governantes, os tais que por aqui andam há 40 anos, deixaram morrer. Ficámos mais pobres. O mesmo pode acontecer com a arte do vime.

Nesses estados gerais, ouvimos o exemplo dos Açores. Uma diferença abismal em termos culturais com a nossa realidade. Por lá, nas 9 ilhas, a cultura chega a todas as pessoas. Sejam aquelas que moram no centro das cidades, sejam aqueles que moram no sítio mais remoto. A cultura chega a todos, e de um modo muito simples. Todos são chamados a dar o seu contributo. Desde as freguesias, municípios, associações, instituições. Todos são importantes. A Direção Regional da Cultura ouve as Freguesia, incentiva-as a promover a cultura. São parceiros. Aqui, não há qualquer ligação.

Pequenos exemplos mostram grandes diferenças. Um deles foi o número de filarmónicas existentes. Por lá cerca de 100, por cá 19! Por cá, as filarmónicas têm de olhar por si, vender o que produzem e assim sobreviver, por lá, são encaradas como escolas de música. Escolas espalhadas por todos os sítios. Formadores culturais por excelência. Não é um custo, é um investimento.

Ouvimos outras experiências, outros projetos de sucesso. Projetos da capital e projetos nossos, madeirenses. Experiências simples de apoio aos artistas, incubadoras de génios culturais. Projetos que potenciam as artes e os conhecimentos.

Desse debate saiu a certeza que temos um longo caminho a percorrer, um caminho que vá além dos concursos musicais, ou de algo que sempre se fez a vida toda. Muito há para inovar, para educar, para fazer a diferença numa região como a nossa, tão rica culturalmente, com as suas diferenças de sítio para sítio, onde, com mais conhecimento, cresceremos, inovaremos e passaremos para o patamar superior que todos nós merecemos.

Por Duarte Caldeira, presidente da Junta de Freguesia de São Martinho, publicado no Jornal da Madeira, no dia 10 de Dezembro.