“Cinzas?”

Demos passos firmes e quando caímos sacudimos a poeira e reerguemo-nos, de olhos postos no futuro e naquilo que queríamos e sabíamos ser o melhor para a Madeira e para o Porto Santo.

Vamos buscar inspiração a cada um dos Madeirenses e Porto-santenses que, todos os dias, e a cada contratempo, se erguem mais fortes, mais focados e motivados.

Vamos buscar inspiração aos que construíram sabiamente os socalcos que salpicam a nossa paisagem, aos que recortaram as montanhas para esculpir as levadas e guiar a água, aos que escavaram a rocha, com ousadia e bravura, para fazer nascer os “furados” que nos foram aproximando uns dos outros.

Vamos buscar inspiração aos que se reerguem a cada partida que a Natureza prega, aos que se levantam surpreendentemente quando a tragédia lhes bate a porta. Os Madeirenses e Porto-santenses dão-nos constantemente lições de coragem e é por isso que insistimos e persistimos.

Quando o PSD-Madeira, em 2013 e em 2017, perdeu, para o Partido Socialista, Câmara Municipais, Juntas de Freguesia e Assembleias Municipais, não se viu nem se pediu que alguém juntasse cinzas, ainda que se tivesse percebido que muitos se sentissem queimados ou chamuscados.

Em maio será cedo para juntar cinzas. Só em outubro saberemos quem, aos olhos do PSD-Madeira, se torna em cinza, embora não me agrade nada o sentido puro e duro da expressão. Prefiro o sentido figurado e mitológico que nos faz crer que das cinzas renascemos, mais fortes e seguros de nós próprios.

Restringirmo-nos a maio é demasiado redutor e independentemente do que suceder em maio, em setembro e em outubro, e disso sabem só os Madeirenses e Porto-santenses, António Costa não virá à Madeira juntar cinzas. Estaremos sempre unidos e firmes. Engana-se quem pensa que baixamos os braços com facilidade.

No confronto político, que se quer limpo e honesto, não são os candidatos que dão respostas. As respostas são dadas pela população, por quem vota e assim decide.

No confronto político, que se quer limpo e honesto, é essencial o respeito pelo adversário e é imprescindível que se saiba esperar o momento certo para cantar vitória. Cada coisa a seu tempo.

​Há algo em que estamos todos de acordo: Os Madeirenses e Porto-santenses não são tontos. Sabem distinguir o desespero do discurso coerente, fundamentado e “com pés e cabeça”.

Há algo em que estamos todos de acordo: Nunca o PS-Madeira esteve tão e tão bem mobilizado, ao ponto de criar desespero e preocupação nos seus adversários, mas isso não pode ser justificação para a incoerência e para o desnorte (uso esta palavra porque é hábito a aplicarem, de forma inadequadíssima, ao trabalho dos autarcas socialistas).

As “Alices” incendiárias que se cuidem. Quando menos esperarem, e enquanto pensam que são capazes de reduzir os adversários a cinzas, podem ser surpreendidas por uma Fénix que lhes relembre os ideais do 25 de Abril e do 1.º de Maio e lhes mostre que a soberania é das pessoas. É por elas e para elas que cá estamos.

Sem falcatruas, sem golpes baixos.

Artigo de opinião de Emanuel Câmara, presidente do PS-M publicado no Jornal da Madeira no dia 01 de Maio.