Paulo Cafôfo elencou, hoje, aquelas que considera serem as cinco forças que têm bloqueado a Região nos últimos tempos, afirmando que a Madeira tem sido governada por “uma verdadeira máfia” e que Miguel Albuquerque é, neste momento, “um empecilho” e está a bloquear a estabilidade que a Região precisa.
Em conferência de imprensa, o presidente do PS-Madeira começou por referir-se às negociações entre o Executivo e os partidos políticos, com vista a consensualizar um Programa de Governo, dando conta que as mesmas acabaram e “continuamos na mesma”. “Nada mudou, porque não sabemos qual o desfecho da votação nem o sentido de voto dos partidos na moção de confiança que irá ser debatida e votada esta quinta-feira”, adiantou o líder socialista, reforçando que estas negociações foram uma “encenação” e uma “fantochada”. “Isto significa que o que está aqui em causa não é o programa de Governo nem meter à molhada propostas dos diversos partidos. O que está em causa é a moção de confiança”, referiu, vincando que “o PS não pode dar o seu voto de confiança a quem não merece essa mesma confiança”.
Paulo Cafôfo apontou as cinco forças de bloqueio que têm existido na Região, começando por condenar a falta de sentido de Estado a que se assistiu, ontem, por parte do presidente da Assembleia Legislativa da Madeira, na sessão solene comemorativa do Dia da Região. Referindo-se às declarações de José Manuel Rodrigues, de que tem existido uma ausência de respeito pelos interesses e pela vontade do povo, Paulo Cafôfo disse que aquele vestiu a pele de líder partidário e não a de presidente do Parlamento.
“Se fosse para respeitar a vontade do povo, José Manuel Rodrigues nunca seria presidente da Assembleia Regional, porque o CDS teve 3,96% dos votos”, sentenciou o socialista, aditando que o agora líder centrista tem bloqueado a mudança na Região desde 2019. “José Manuel Rodrigues é um bloqueio, porque a única coisa que lhe interessa são as suas mordomias enquanto presidente da Assembleia”, criticou, acrescentando que aquele “faz de conta que é presidente da Região, numa quase magistratura monárquica que procura enganar os madeirenses, dizendo que está a zelar pelos interesses da Madeira, quando o único interesse é o seu e o seu umbigo”.
Em segundo lugar, o presidente do PS-M disse que a Madeira está bloqueada e presa a muitos interesses, os quais são visíveis com os casos judiciais que têm vindo a público. “Há uma verdadeira máfia que tem governado a Madeira, são esquemas atrás de esquemas”, reparou, esclarecendo que tal não tem a ver com os empresários, mas com os governantes do PSD, o único partido que tem gerido os destinos da Região.
A terceira força de bloqueio é o próprio Miguel Albuquerque, o qual, segundo afirmou Paulo Cafôfo, é, neste momento, “um empecilho” à estabilidade que a Região precisa. O líder socialista fez notar o facto de Albuquerque ser arguido por suspeitas de corrupção, mas, embora defendendo a presunção de inocência, deixou claro que “não são os votos que o ilibam de um processo judicial”. “O voto popular, por melhor que seja o resultado, não elimina, nem arquiva processos judiciais”, frisou. O presidente dos socialistas adiantou também que, mesmo que esta crise política passe, a instabilidade vai continuar, porque o processo judicial ainda está no início e recai sobre Miguel Albuquerque e a cúpula do PSD, e acusou o líder do Executivo de fugir aos esclarecimentos perante a Justiça. “Miguel Albuquerque não está neste momento a proteger o povo, mas, através do povo, procura proteger-se para ter imunidade enquanto conselheiro de Estado. A única razão pela qual se recandidatou foi para manter esta sua imunidade, para não responder à Justiça, como devia responder”, observou.
O Chega foi a quarta força de bloqueio denunciada pelo presidente dos socialistas. Cafôfo acusou aquele partido de ser “do não, do nim e do sim” e afirmou que, se fosse coerente, “nunca se teria sentado à mesa das negociações”, já que sempre afirmou que não viabilizaria um Governo liderado por Miguel Albuquerque. Por fim, os socialistas voltaram a denunciar a “manipulação”, a “chantagem” e o discurso do medo a que o Executivo tem recorrido, dizendo que tudo vai parar se não houver Programa de Governo e orçamento aprovados. Paulo Cafôfo esclareceu que foi o próprio Miguel Albuquerque que retirou o orçamento em fevereiro e evidenciou que, desde que o Governo está em gestão e está em vigor o regime de duodécimos, tem feito mais despesas e arrecadado mias receita. Como deu conta, desde que o Governo está em gestão, foram publicadas no Jornal Oficial da Região 333 resoluções, incluindo subsídios a clubes, a associações, a instituições de cariz social, contratos-programa, eventos e adjudicação de obras. “Se alguma coisa parar, é só por responsabilidade do PSD”, disparou, reafirmando que “quem bloqueia a Madeira de forma propositada não pode ter a confiança do PS”.