InícioAtualidadeAPROVEITAMENTO ECONÓMICO DO MAR TEM DE RESPEITAR INTERESSES DA POPULAÇÃO E O...

APROVEITAMENTO ECONÓMICO DO MAR TEM DE RESPEITAR INTERESSES DA POPULAÇÃO E O AMBIENTE E CONCILIAR COM ATIVIDADE TURÍSTICA

O candidato a Presidente do Governo Regional visitou este domingo de manhã as jaulas de aquacultura localizadas no Arco da Calheta e apontou críticas à forma como o atual Governo Regional tem gerido este tema.
“Queremos desenvolver a economia do mar, mas não pode ser desta forma como assistimos aqui na Calheta. O mar pode ser o novo motor económico da Região, mas tem de haver uma conciliação de vários fatores. Não podemos colocar em causa os interesses das pessoas, não podemos ter estruturas que afetem o ecossistema marinho, não podemos colidir com o turismo, a principal área de atividade da Madeira”, apontou Paulo Cafôfo.

O candidato critica “o silêncio absoluto do Governo” em relação à aprovação de cinco novas áreas de aquacultura. “Temos de ter outra forma de fazer política, envolvendo as pessoas, apresentando de forma clara os projetos que vão ser desenvolvidos e, acima de tudo, deixando claro que a sustentabilidade ambiental não é posta em causa”.

Paulo Cafôfo indica que a forma como o Governo Regional tem gerido a questão da aquacultura é reveladora da postura autoritária e de indiferença com que se dirige à população. “Esta postura do ‘quer queiram, quer não’ é seguida pelo ainda Presidente do Governo Regional em vários dossiês ligados ao ambiente. Vejam o caso da ideia de alcatroamento da Estrada das Ginjas, um património da Humanidade, que não está a ser respeitado”, acusou o candidato.

Presente também nesta iniciativa esteve Ruben Eiras, candidato do PS às Eleições Regionais e especialista em política do mar. Ruben Eiras apontou o facto de a tecnologia usada na aquacultura na Madeira “ferir o que deve ser o paisagismo e o ordenamento marítimo”.

“A Madeira tem um horizonte visual mais prolongado comparativamente com outras áreas marítimas. Estas estruturas de aquacultura serão sempre visíveis e terão impacto visual. Se forem aumentadas em termos de extensão vão transformar a natureza da nossa paisagem”, apontou.

O candidato sublinhou também o conflito direto que é gerado pelas jaulas de aquacultura e condenou o facto de ter havido uma decisão nesta matéria sem haver compensações para a população. “Tem de haver mais política de ordenamento marítimo. É essa forma diferente de gerir os recursos marítimos que a candidatura do PS defende. Tem de haver mais exigência, mais rigor e mais esforço no ordenamento do território”.

Thomas Dellinger, coordenador da área de Ambiente dos Estados Gerais do PS, apontou que na Madeira o processo de decisão na base do ordenamento marítimo foi feito com base em termos físico-químicos sem haver estudos sobre os habitats. “Não existem estudos divulgados publicamente sobre o impacto da aquacultura na Madeira. Falta saber o impacto desta atividade nas características do nosso mar, por exemplo com o aumento de nutrientes feito com a aquacultura”, exemplificou. “Temos de diversificar a economia com base no melhor conhecimento científico possível”, concluiu Thomas Dellinger.