O Grupo Parlamentar do Partido Socialista deu hoje entrada, na Assembleia Legislativa da Madeira, a um projeto de resolução recomendando ao Governo Regional a criação e implementação de um Código de Conduta aplicável aos membros do Executivo, aos seus gabinetes e entidades da Administração Pública e do setor público empresarial da Região, tendo em vista a prevenção e combate à corrupção.
Em conferência de imprensa realizada esta manhã, a deputada Sancha de Campanella considerou que a prevenção deve ser o principal foco do combate à corrupção, pelo que, com esta iniciativa parlamentar, o PS pretende que o Governo Regional “crie princípios e padrões” para que todos os seus membros e os seus gabinetes consigam pautar os seus comportamentos pelos mais elevados princípios de ética e de moral”.
“Nós pretendemos imprimir na governação princípios de transparência, de integridade e de responsabilidade”, afirmou a parlamentar socialista, acrescentando que, além desses princípios, direitos e deveres, o projeto preconiza igualmente que sejam implementadas formas de monitorização e controle destes comportamentos dos governantes, bem como a apresentação de relatórios sobre o cumprimento destes códigos de conduta.
Como afirmou Sancha de Campanella, o Governo Regional deveria ter implementado o seu Código de Conduta até julho de 2023, mas, volvido um ano, continua sem o fazer. “Temos uma governação de 48 anos em que a [prevenção da] corrupção e a ética nunca foram prioridades”, criticou, frisando que há que implementar certos princípios e valores como fundamentos inegociáveis na governação, nomeadamente a transparência, a legalidade e o princípio da prossecução do interesse público.
A deputada sublinhou a importância de agir de forma preventiva, de modo a evitar comportamentos que, ao invés de se pautarem pela prossecução do interesse público, se pautem pela “prossecução de alguns interesses individuais” ou que “possam pôr em causa a credibilidade na tomada de decisões”.
Apontando alguns exemplos do que pode aqui estar em causa, Sancha de Campanella referiu que um governante não pode agir numa situação em que possa existir conflito de interesse, porque “toda e qualquer decisão que tome não é credível perante a opinião pública e fica sempre a suspeição de que ali pode ter a prossecução de um interesse que não é público, mas de um interesse que seja privado”. Outra situação apontada prende-se com as ofertas institucionais. “Essas ofertas têm de ser controladas, temos de ver o seu valor, de onde é que vêm, como vêm, como é que são geridas. Não é admissível, por exemplo, oferta de férias milionárias e que os agentes achem isso como normal e a sociedade ache esses comportamentos normais”, declarou.