Após a saída, o professor Paulo Cafôfo deu uma entrevista à RTP-Madeira e apresentou publicamente a sua candidatura no domingo, onde avançou algumas ideias do seu projeto, amplamente discutidas, mas mal-interpretadas por alguns experientes comentadores políticos.
Antes de mais, declaro que me identifico com o seu compromisso com a Madeira e sou apoiante da sua candidatura. Acima de tudo, sou uma pessoa de causas, de princípios, de valores, não tolerando a prepotência e as tentativas de menorização política que vejo acontecerem nesta Região quando alguém tem ideias diferentes. E gosto de ser frontal, direto. Dito isto, permitam-me sublinhar ao longo deste texto, a pertinência, a relevância e impacto das propostas feitas por Paulo Cafôfo para o futuro da Região Autónoma da Madeira.
Identificou e bem alguns dos problemas da saúde na Região. Saída de profissionais e falta de estímulos aos mesmos. Falta de discriminação positiva para aqueles que mais produzem. Unidades hospitalares obsoletas e indignas quer para utentes, quer para profissionais. Listas de espera em crescimento contínuo. Metade da população não abrangida por médicos de família. Estado de conflito contínuo, causando danos à imagem do SESARAM. Dependência de muitas especialidades em relação ao exterior. Esta é uma realidade recente, pois relembro que, até há cerca de 10 anos, eramos um exemplo de sucesso, quase independentes em termos de saúde.
Apresentou ideias que, concordando ou não, são originais, diferentes e válidas. Destaco: Contratação de mais de 100 médicos de família para os centros de saúde na próxima legislatura; Contratação de número superior de enfermeiros para o mesmo fim; Reforço de cerca de 75 milhões de euros no programa de recuperação de cirurgias para acabar com as listas de espera, ressalvando que este é um objetivo ambicioso e difícil de atingir em tão curto espaço de tempo; Reformulação do Centro de Saúde do Porto Santo, com presença contínua de um profissional de Medicina Interna na Ilha e, ainda, de presença semanal de pediatra; Encerramento obrigatório dos Marmeleiros como Hospital, sendo transformado em lar/residência onde, numa fase inicial, ficariam alocadas todas as altas problemáticas; Transferência das áreas médicas para o Hospital Dr. Nélio Mendonça, que ficaria livre de altas problemáticas.
Paulo Cafôfo assume que todas as hipóteses estão sobre a mesa para resolver este cenário negro, incluindo a aquisição de uma unidade de saúde já existente. Não fala em números, como erroneamente lhe quiseram atribuir. Sabe apenas que a saúde é uma emergência e não é possível esperar “sentado” durante 7 anos e achar que o novo hospital central da Madeira vai resolver todos os problemas acumulados. Podemos não concordar, mas são soluções válidas, e vai decididamente liderar o debate no sector.
Infelizmente temos lido e ouvido declarações absurdas dos seus adversários políticos que claramente não têm qualquer propósito construtivo. Então, para alguns, a compra de serviços a uma unidade privada não constitui qualquer problema, mesmo que essa contratualização possa ser danosa em muitos casos, mas a possível aquisição de uma unidade que faz falta para o bem de todos os Madeirenses levanta dúvidas? Terei ouvido bem? Opinião temos todos, mas temos também responsabilidade na opinião que emitimos.
Menorizar os adversários, como fazem vezes sem conta os governantes do sistema, não confere razão e muito menos capitaliza ganhos para a Região. Dialogar e encontrar soluções é o caminho para a mudança que todos os Madeirenses e Porto-Santenses merecem e desejam. O Paulo Cafôfo merece a minha confiança e de muitos profissionais de saúde, e daremos todo o apoio para a apresentação de um programa para a Saúde rigoroso, sério, credível e com verdadeiras soluções. Por uma verdadeira mudança.
Artigo de opinião de António Pedro Freitas, médico e coordenador da área de Saúde dos Estados Gerais, publicado no Diário de Notícias da Madeira no dia 11 de Junho de 2019.