Esse passo que dei em 2013, teve a ver com a perceção do que deve ser a nossa postura perante todas as coisas, porque o mundo divide-se entre dois tipos de pessoas: os que preferem ser meros espetadores, no conforto de estar na plateia em vez do dar a cara no palco, comentando, apupando e criticando; e todos aqueles que encaram a responsabilidade de ser atores, independentemente do seu papel, e que contribuem para concretizar sonhos, construir projetos, fazer a diferença, provocar a mudança e melhorar a vida à sua volta.
Felizmente, sempre soube de que lado é que estou, e foi por isso que, nesse tempo de tantas dúvidas, tive a certeza de que valia a pena ser candidato à Câmara Municipal do Funchal. É por essa mesma razão que hoje, à luz de tudo o que já construímos, não posso voltar as costas ao apelo de tanta gente, que tem ainda mais esperança do que tinha há cinco anos, e que anseia por uma mudança política ainda maior na Região.
Nos dias que correm, a política também se faz nas redes sociais, umas vezes de forma honesta, outras nem tanto, em todos os casos em que se utiliza o anonimato ou os perfis falsos para denegrir e ofender. Apesar dessa era tecnológica e digital em que vivemos, não tenho dúvidas, contudo, de que nada substituiu a proximidade, os olhos nos olhos e o toque. É esse o único espaço em que me sinto completo, é esse o lugar onde gosto de estar e é por essa razão que iniciámos um novo ciclo de iniciativas públicas, que denominámos “A Madeira que queremos”, em que se privilegia a proximidade com a população, exercendo uma democracia participativa e em diálogo.
Queremos apresentar em 2019 a melhor proposta de governo para a Madeira e isso só é possível se fizermos uma coligação com a sociedade civil. Uma coligação em que todos, sem exceção, possam ter a oportunidade de discutir comigo, seja qual for o ambiente, o local ou o contexto. Este fim-de-semana, no Lido, não convidámos as pessoas a virem simplesmente abordar um candidato à Presidência do Governo Regional; convidamo-las a virem falar comigo na primeira pessoa, sem pudores nem formalismos, e perguntar cara a cara o que lhes vai na alma sobre os assuntos mais importantes para a Região.
Abordámos as razões da minha candidatura, mas também o que levou cada uma daquelas pessoas ali, abordámos a educação, mas também a economia, o turismo, mas também a saúde, a autonomia política e o relacionamento com a República, e ainda questões de foro mais pessoal, entre tantas outras, que as pessoas gostaram de me perguntar e que eu gostei de responder.
Este fim-de-semana, como tantas outras vezes ao longo dos últimos anos, percebi a responsabilidade que tenho e a confiança que as pessoas depositam em mim para este virar de página político na Região, mas percebi, acima de tudo, que o poder está mesmo nas pessoas que connosco são participantes ativas no futuro da Madeira e do Porto Santo. Nesta nova geração de políticas que estamos a construir, é verdadeiramente um privilégio constatar que todos são protagonistas e que todos fazem parte, porque o tempo dos heróis e dos messias já passou.
Foi este o princípio que nos levou à criação dos Estados Gerais, juntando um conjunto de cidadãos de diversas áreas, técnicos, quadros do setor público e privado, que irão ao longo do próximo ano contribuir para um programa de futuro para a Madeira, com novas mentalidades e políticas inovadoras.
É este o princípio que nos levará a responder aos problemas estruturais da Madeira e do Porto Santo, como a criação de emprego, a fixação das populações, particularmente nos concelhos mais rurais, e a coesão territorial, e aqui incluo as assimetrias regionais e as desigualdades sociais, que requerem a urgência de implementação de políticas que preparem a Região para uma mudança de paradigma de desenvolvimento.
A emigração continua a ser uma realidade, porque continuamos a ter dificuldade em criar novos empregos, por não haver uma aposta forte na diversificação da economia e porque acumulamos lacunas em termos de recursos humanos qualificados. Não podemos continuar com as mais altas taxas de abandono escolar do País, e não tenho dúvidas de que há uma correlação direta entre os fatores socioeconómicos e as desigualdades sociais, com os resultados e indicadores escolares negativos. Por essa razão, quero garantir uma educação universal e gratuita para todos. Comigo, o Governo Regional irá garantir para todos os madeirenses e portosantensses a gratuitidade na escolaridade obrigatória, desonerando as famílias com os encargos dos seus filhos até ao 12º ano.
A Madeira não tem petróleo nem diamantes, mas temo-nos uns aos outros, temos gente que quer concretizar sonhos, construir o futuro, gente que sempre foi trabalhadora, empreendedora e resiliente, e que precisa que o poder político esteja verdadeiramente à sua altura. Estaremos, assumindo a aposta nas pessoas, na sua educação e na sua qualificação, como principal fator de desenvolvimento da Região. Este é o nosso desafio e o nosso compromisso.
Por Paulo Cafôfo, candidato do PS-M às Eleições Regionais de 2019,
publicado no Diário de Notícias da Madeira, no dia 05 de setembro.