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A Madeira não pode esperar

Podia simplesmente ter suspendido o mandato, mas não sou de meias medidas, acredito no projeto que lidero para a nossa Região e estou dedicado plenamente à sua concretização, e essa é a única forma de respeitar os munícipes do Funchal e todos os madeirenses e porto-santenses.

Tal como aconteceu no primeiro momento em que resolvi ter uma participação cívica e política, de me envolver e lutar por um caminho diferente, esta decisão foi tomada para responder a anseios coletivos e não a objetivos pessoais. Para esta decisão pesou também a avaliação concreta que os compromissos a que me propunha estão atingidos, acredito que deixo uma Câmara muito mais bem preparada para o futuro, e nas mãos seguras do Miguel Gouveia.

Sou um cidadão com responsabilidades públicas, mas mais do que isso sou um homem de causas, e não podia passar ao lado das palavras e dos apelos que ouço todos os dias, nem podia virar as costas quando os madeirenses me pedem para avançar. Sempre que precisaram de mim, estive lá. Estarei sempre. As pessoas querem uma Região diferente, positiva e inovadora. Sinto que é tempo de agir e de marcar novamente a diferença, porque a Madeira não pode esperar mais!

Mas não basta apenas dizer que a Região tem de mudar. É preciso fazer diferente. E fazer diferente é apresentar propostas concretas para as áreas-chave da Região Autónoma da Madeira.

A prioridade N.º 1 tem de ser obrigatoriamente a Saúde. A Saúde da Região transformou-se numa emergência. Temos as listas de espera a aumentar: 22 mil cirurgias, 41 mil consultas, 50 mil exames. Temos infraestruturas hospitalares públicas desadequadas. Temos mal-estar nos profissionais de saúde e nos cidadãos. Só no Funchal 47% dos utentes não têm médico de família. O Hospital Nélio Mendonça não responde às necessidades, o Hospital dos Marmeleiros está obsoleto e não oferece segurança para quem ali trabalha e quem ali recebe cuidados médicos. É preciso atuar. Temos de agir.

Para além do total empenho na construção do novo Hospital, temos de ser claros no que deve ser feito: 1) Reforço de 75 milhões de euros do Programa de Recuperação de cirurgias para acabar com as listas de espera, um objetivo ambicioso, que considero ser difícil de alcançar em quatro anos, mas que é necessário avançar quanto antes; 2) Redução das listas de espera de consultas e exames; 3) Contratação de mais de 100 médicos de família para reforçar os Centros de Saúde, bem como de um número superior de enfermeiros para o mesmo fim; 4) Reforço das competências e valências dos Centros de Saúde para evitar o congestionamento do Hospital Central; 5) Encerramento do Hospital dos Marmeleiros e transformação numa unidade residencial para idosos, de modo a responder às altas problemáticas; 6) Dotar a Região, a curto prazo, de uma nova unidade hospitalar pública de menor dimensão; 7) Reforço do Centro de Saúde do Porto Santo, nomeadamente com a presença permanente de um especialista de Medicina Interna.

A Economia é outro vetor essencial no nosso Programa para mudar a Madeira. O diagnóstico feito à economia regional é claro: temos uma economia anémica, que tem um fraco crescimento, com uma das maiores taxas de desemprego do País, com dificuldade em fixar os jovens qualificados. A criação de emprego é uma prioridade. Para além da defesa do CINM, da promoção para a captação de investimento direto e da requalificação do nosso produto turístico, temos de olhar para a economia de outra perspetiva. Há que diversificar e temos de olhar para o Mar e tirar partido de todas as oportunidades que podemos retirar deste nosso recurso. Com a Economia do Mar, é possível perspetivar em 10 anos o aumento do PIB regional em 10%, criando 5.000 postos de trabalho, altamente qualificados, com um investimento de 460 milhões de euros. É possível captar investimento para a Economia do Mar na Madeira, em áreas como: a indústria de transformação do pescado; as energias renováveis oceânicas; a área do shipping e do registo de navios; o turismo náutico; a reparação e manutenção naval; um cluster do mar digital; uma escola do mar.

A continuidade territorial tem de ser uma prioridade e a ligação ferry tem um papel importante a desempenhar para responder às necessidades dos Madeirenses e Porto-Santenses. É nosso compromisso, nos primeiros 100 dias de Governo, lançar um concurso público internacional para termos ferry todo o ano. São necessários cerca de 12 milhões de euros, com operação semanal todos os meses, sendo que o destino tem de ser Lisboa.

Na área da Educação, a aposta na qualificação dos madeirenses é essencial, pois o nosso maior património são as pessoas. O nosso sistema de ensino tem de proporcionar igualdade para todos os alunos e alunas, as condições socioeconómicas não podem ser um entrave para o sucesso escolar das crianças e jovens. Defendo, por isso, a gratuitidade do Ensino Obrigatório. Manuais escolares, transportes e alimentação com condições iguais para todos. Temos de ter também um modelo de ensino diferenciador. Um modelo que valorize os professores, o trabalho que desenvolvem, e a autonomia das escolas. O nosso projeto garante a progressão das carreiras dos professores e a redução da carga de trabalho burocrático. Temos de combater a taxa de absentismo e de abandono escolar, uma das mais altas do País, na ordem dos 26%.

Saúde. Economia. Transportes. Educação. Estas são bandeiras fundamentais do nosso projeto para mudar a Madeira. A Madeira pode fazer mais e melhor. Os Madeirenses e Porto-Santenses merecem. Vamos Madeira!

Artigo de opinião de Paulo Cafôfo, candidato a Presidente do Governo Regional da Madeira publicado no Diário de Notícias da Madeira no dia 07 de Junho de 2019.