«Nós precisamos de ter outra postura política, pois a única coisa que existe é uma arrogância e uma guerrilha política constante», referiu Paulo Cafôfo. O candidato à presidência do Governo Regional afirmou que é necessário «estar focado nas pessoas e na melhoria de vida dessas mesmas pessoas e não andarmos distraídos com questões de política baixa. O que queremos é ser positivos e isso só é possível se mudar o governo». Tal como adiantou, «está mais do que provado que com os mesmos não vamos lá, por isso a questão da igualdade, da cultura e da educação é essencial». Paulo Cafôfo acredita que é possível perspetivar uma mudança social. «Acredito que as mudanças só poderão acontecer através da educação», sustentou.
A educação é a base de tudo, mas segundo o candidato socialista é preciso um sistema completamente diferente. «Não podemos continuar, neste século XXI, agarrados a uma estrutura arcaica». Paulo Cafôfo destacou «o projeto socialista feito com ideias, juntando pessoas para que todos juntos possamos perspetivar uma alteração do modelo económico esgotado». «Esgotou-se o modelo da dívida, esgotou-se o modelo do betão, é preciso apostar nas pessoas, promovendo a igualdade e a inclusão», frisou.
A coordenadora da área da Cultura, Luísa Paolinelli, considerou que «a indagação ontológica e a consciência ética em que se fundamenta a cultura e o olhar artístico são essenciais na construção de uma cidadania livre, que pensa por si e que desenvolve um sentido crítico. A cidadania pratica-se na literatura, no cinema, no reconhecimento e respeito pelo património cultural, na música, na dança, como se o ser humano estivesse a usar um simulador de bordo, entrando em muitas vidas e sensações, aprendendo mais sobre o “outro”, que é o seu próximo, compreendendo que num dado momento da vida podemos também nós ser o «outro» ou «a outra».» E acrescentou que «para que as pessoas desenvolvam comportamentos inclusivos e paritários é necessário que compreendam os seus direitos civis, a sua liberdade. A cultura, seja a da arquitetura da Sé, seja a da música tradicional, seja a de uma pequena casa do campo, mede-se pela forma como produz conhecimento, consciência civil e cidadania, ao contrário da atitude de abandono, que destrói, ofusca e cria as tiranias, a misoginia, o racismo, a intolerância religiosa e a não aceitação da diversidade. É necessário, por isso, que a escola, as políticas de inclusão e formação se unam para evitar a ignorância e a violência.»
Esta visão foi ao encontro do que defende o coordenador da Área da Educação. Rui Caetano considerou que «cultura, igualdade, inclusão, equidade, são os pilares que sustentam a Educação.» E por isso afirmou que «cabe-nos promover uma escola que assuma a responsabilidade de garantir as respostas educativas a todos e a cada um dos alunos e alunas sem esquecer a necessidade de trabalhar as aprendizagens através do modelo de educação/formação holística, criando as condições para que a cultura e as artes façam parte das vivências da comunidade escolar.
O coordenador acrescentou, ainda, que «defendemos a construção de um sistema educativo diferente, um modelo com outro padrão de políticas educativas, outro paradigma organizacional dentro e fora das salas de aula, repensando a oferta formativa, desenvolvendo uma educação virada para os valores do pluralismo e da igualdade de género, promovendo, de forma concertada e global, projetos que incidam na defesa dos direitos e das liberdades individuais, com uma autonomia escolar de responsabilidade e de compromissos onde os recursos, os meios e as condições de trabalho representem uma clara prioridade.»
Énia Freitas, professora de Educação Especial destacou a importância de se desenvolver um novo padrão de políticas educativas que ofereçam a todos os alunos e alunas possibilidade, mas adaptando-a a cada um de acordo com as suas caraterísticas, capacidades e potencialidades.» Énia Freitas defendeu que «no processo de ensino/aprendizagem, temos necessariamente de esquecer os currículos “pronto a vestir e tamanho único”, para permitir acessos a patamares diferentes de acordo com as capacidades/interesses.» E exemplificou: «a implementação da flexibilidade curricular e de uma outra política de inclusão poderá permitir que crianças e jovens com deficiências sensoriais, motoras, cognitivas ou com problemas de aprendizagem, perturbações no desenvolvimento, relação, comunicação ou emocionais tenham uma verdadeira resposta educativa nas nossas escolas, tenham acesso à aprendizagem, a estratégias que combatem a discriminação, que aceitam a diversidade e incentivam a participação de todos e todas».
A coordenadora da Área da Igualdade, Elisa Seixas, considerou que «é impossível pensar a igualdade sem uma articulação muito estreita com as outras áreas, nomeadamente a educação e a cultura. A promoção de uma sociedade mais equitativa e inclusiva para todas as pessoas implica, antes de mais, pensar (e promover ou não) padrões e esquemas culturais também em função da sua capacidade para serem mais ou menos equitativos, mais ou menos inclusivos. Importa, por isso, diagnosticar, refletir e agir em conformidade.» Sublinha que «esse é um trabalho impossível se não envolver a Educação, se não houver uma clara aposta num projeto educativo que invista em todas as pessoas, que invista na sua formação pessoal e cívica».
Segundo a coordenadora, «queremos cidadãos e cidadãs competentes, gente conhecedora, mas também consciente e interventiva, agentes de uma sociedade mais informada, mais atenta às discriminações que fazem com que o cumprimento da Declaração de Direitos Humanos não seja ainda uma realidade». E conclui, «se, no seguimento do programa Portugal + Igual queremos uma Madeira + Igual, precisamos discutir e delinear estratégias de ação concertadas por forma a combatermos eficazmente as múltiplas discriminações que fazem parte do nosso dia-a-dia. Pretendemos investir, de forma sustentada e articulada, neste objetivo que traçamos para o programa de governo que o PS-Madeira apresentará para sufrágio».O debate contou com a participação Énia Freitas, professora com especialização em Educação Especial, Rui Caetano, na qualidade de coordenador da área de Educação, Luísa Paolinelli, como coordenadora da área da Cultura e Elisa Seixas, responsável pela área da Igualdade.