O líder parlamentar Miguel Iglésias, após a saída da audição, em declarações à comunicação social, começou por referir que “tivemos a oportunidade de ouvir da parte do vice-presidente aquilo que são as linhas gerais da proposta de alteração ao orçamento que o Governo Regional irá entregar na Assembleia Legislativa no próximo dia 10 de Julho”. Mostrando ainda grande preocupação pelo impacto dos efeitos da pandemia na receita fiscal deste ano, um impacto na receita que ronda os 190 milhões de euros.
“É uma redução bastante significativa naquilo que são as receitas da Região e o Governo Regional planeia compensar, precisamente esse decréscimo da receita, com financiamento bancário que será permitido através da suspensão dos artigos da lei das finanças regionais que será agora permitido no Orçamento Suplementar que esta em discussão na Assembleia da República”, acrescentou ainda.
Miguel Iglésias aproveitou a ocasião para vincar que “da parte do Partido Socialista, transmitimos preocupações que consideramos importantes, já para esta proposta de alteração, mas também tendo em conta a proposta de Orçamento de 2021, que também iremos discutir dentro pouquíssimos meses e que, efetivamente, será o grande documento para iniciar a recuperação económica da Região”.
O socialista apresentou assim algumas das propostas defendidas pelo PS-Madeira, referindo que a recuperação passa em primeiro lugar “por apoios claro, com o acréscimo dos apoios às famílias e às empresas”.
“Como sabemos a linha de 100 milhões de euros que foi desenhada pelo Governo Regional, a esmagadora maioria desse dinheiro ainda não chegou às empresas regionais. Continuamos a ter anúncios contínuos de novas linhas e que ainda não foram sequer implementadas. Algo que nos deixa preocupados e transmitimos isso ao vice-presidente”, argumentou.
Num outro ponto, o PS-Madeira também manifestou preocupação no que tem a ver com a dotação que será contemplada já nesta proposta de alteração ao Orçamento Regional para o sector da saúde.
“Ora, nós ainda recentemente vimos notícias públicas que na dotação não haveria um grande acréscimo para retomar a atividade clínica normal no SESARAM, no que concerne a cirurgias, exames e consultas. Estamos assim muito preocupados com essa situação, até porque a Região, neste momento, praticamente vai deixar de ter casos ativos de Covid-19”, expressou o líder parlamentar.
Miguel Iglésias diz mesmo que “não há ninguém nos cuidados intensivos, portanto, não há nenhuma pressão acrescida sobre o Serviço Regional de Saúde relacionada com o COVID-19, exceto, naturalmente, os testes que se estão a fazer e que são importantes”.
“Julgamos que, a partir desta fase, é importante ter um plano para recuperar, não só toda a atividade clínica que não se fez durante o período de pandemia, até porque a situação da Região já era antes desta crise sanitária, muito má, para não dizer péssima no concerne a todos os rácios de saúde”, apontou.
Por outro lado, O Grupo Parlamentar do PS-Madeira manifestou preocupação para que haja, efetivamente, um plano económico de recuperação, amplamente discutido, não só com os partidos da oposição, mas também com os parceiros sociais, com a sociedade civil, “porque o que vemos neste momento é que o Governo Regional não tem um plano concreto para a recuperação da Região”, disse ainda.
O deputado socialista refere mesmo que “continuamos, infelizmente, numa dialética partidária baseada na procura do inimigo externo, de culpar o Governo da República, quando temos um ‘desnorte’ no Governo Regional”.
“Para nós o importante, face a uma situação de urgência, face a uma situação de crise que vamos enfrentar de desemprego, de fecho de empresas, que é uma realidade, temos de estar todos juntos num desígnio comum regional de conseguirmos iniciar essa recuperação e, portanto, se o Governo Regional quiser fazer esse caminho sozinho, lamentamos, mas não podemos deixar de manifestar que estamos disponíveis para esse debate e para dar todos os contributos que foram necessários em prol da população que representamos”, concluiu.